Desde garoto sempre gostei de ler e escrever, mesmo sem saber se algum dia seria um escritor. E procurava sempre escrever pequenas histórias e pensamentos, muitos influenciados pelos autores que eu lia. Embora tenha lido muitos romances principalmente entre os 11 e 17 anos, as obras filosóficas sempre ocuparam um lugar de destaque entre as minhas leituras. Nessa época eu tinha uma predileção pelos autores marxistas. Não só por Marx e Engles como também Trotsky, Rosa Luxemburg e Sartre entre outros. Lembro-me de ter lido a maioria das obras de Marx, inclusive “O Capital”, e com isso ter me tornado um marxista convicto. Aliás, quantos de nós na juventude não foi marxista? No entanto o contato com Nietzsche, D. H. Lawrence, Thomas Mann, Dostoiévski, Proust, Günter Grass e Gilles Deluze acabaram, aos poucos, por me “afastar” do Marxismo embora nunca tenha deixado de simpatizar com a esquerda moderada. Reconheço a importância de Marx e do próprio marxismo para o pensamento ocidental, mas também não posso deixar de ver em seu pensamento um quê de ingenuidade: principalmente na questão da propriedade dos meios de produção. Talvez influenciado por Rousseau, o qual acreditava que o homem nasce livre e bom, e pelo cristianismo (o marxismo prega o ateísmo e até acusa o cristianismo de alienar o homem, mas nunca deixou de pensar e agir com conceitos cristãos) o marxismo tenha chegado a um beco sem saída e fracassado. Apesar do pensamento nietzschiano não tem alcançado a relevância do marxismo no século XX, hoje me parece mais importante e coerente que o marxismo. Tanto o pensamento de Marx quanto de Nietzsche tem lá suas falhas, mas Nietzsche parece mais atual do Marx. Hoje não faço da literatura um apenas passatempo, mas levo-a a sério. E os meus pensamentos ao contrário não mudaram muito nesses anos. E relendo o que escrevi nos primeiros anos da adolescência vejo que aquilo que eu acreditava continua o mesmo. Claro que meus textos refletem a inexperiência e um certo grau de ingenuidade. No entanto não posso simplesmente dizer que não acredito mais naquilo que escrevi. Talvez eu tenha mudado bem menos nesses últimos 30 anos acreditava, talvez bem menos do que o mundo a minha volta.