O Dependente de Idéias
(por Domingos Oliveira Medeiros)
Conhecia o pensamento de quase todos os filósofos, sociólogos e pensadores em geral. Citava-os, sempre, com naturalidade, em todas as suas falas. Nas intervenções e observações que fazia. Mas não se prestava para trocar idéias. Porque não as tinha. Não sabia falar por si próprio. Era meio cego e quase mudo. E não sabia. Condenado a viver em torno de si. E das idéias que pedia emprestado. Era um homem calado e endividado. E quando falava, ninguém entendia. Mas, pelo menos, tinha uma coisa boa: era coerente. Jamais voltava atrás no que dizia.
Era, no máximo, um gravador, que se repetia.
DOM- 17 de julho de 2002
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