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Cartas-->21. BRÍGIDA -- 09/08/2002 - 07:13 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Descendente de alemães, devo meu nome à santa da devoção familiar. Isto significa, necessariamente, que vivi na fé católica os doze anos em que permaneci encarnada.

Às vezes, o fato de ser católico ressoa na alma dos espíritas como verdadeira apostasia da doutrina de Kardec. No entanto, quando a pessoa é deveras crente, quando recebe em paz e confiança os sacramentos da comunhão e da confirmação, quando se constitui em baluarte da fé, pondo esperança em que o bem e a caridade que pratica e o amor do Cristo e dos santos conduzem ao Paraíso, por que duvidar de que a misericórdia divina irá agasalhá-la em seu doce regaço?

Quando aqui cheguei, consciente de que tudo fizera de acordo com as normas canônicas, tendo sido fiel filha de Maria, fui recebida por entidades sublimes, que me pareceram os anjos com que sonhara encontrar-me.

É certo que a imaginação ajudou a doirar o local das delícias em que me encontrei, sem rebeliões, sem tristeza e sem dor. Mas que outra seria a recepção se me tivesse dedicado à leitura das obras de Kardec, ao invés do catecismo e das histórias de santos?

Passei três anos até adaptar-me à idéia de que o Céu não era bem aquele e que deveria aprender muitas outras coisas para merecer a companhia dos seres mais avançados em moralidade e poderes espirituais. Mas foram tempos alegres, em que os benfeitores me indicavam a juventude como de plena felicidade, cortada, enfim, pelo desastre que me ceifou a vida.

Após inteirar-me de que a fé católica me servira para avançar nos conhecimentos evangélicos, sem, contudo, me remeter à prometida Jerusalém espiritual, passei a entender as demais leis, como a da reencarnação e a de causa e efeito, para que pudesse progredir. Como praticara todo o bem que me fora possível naquela tenra idade, reconheci, na caridade, a real virtude da salvação.

Ao recuperar a lembrança da vida anterior, em que me via católica e mãe de família, desejei também saber como fora o retorno ao etéreo, pois desconfiava de que me havia revoltado, por não me encontrar com Jesus.

O Irmão José temeu que viesse a sofrer abalo emocional, dado que me vangloriava de ter sido católica e de ter rapidamente compreendido as leis cármicas. Passou a atender-me durante uma hora, todos os dias, para sentir se me preparava para suportar as desagradáveis surpresas. Após três meses, deu por encerrada a fase de embasamento sentimental e me liberou as lembranças do período que me interessava.

Não me entristeci com o conhecimento da difícil situação, mas a verdade é que não chegara a entender o que se passava ao meu derredor, apesar dos esforços dos protetores, tendo preferido supor que me haviam atirado no Purgatório, de onde sairia a qualquer momento, pelas mãos dos anjos. Depois de um tempo, que não soube definir, vieram espíritos amigos, reconhecidos imediatamente como antigos parentes, que me trouxeram para a colônia, onde permaneci internada durante largo período, até que me propuseram voltar ao mundo da carne.

O meu estado era muito próximo do catatônico, ou seja, não me afinava com aquela realidade e não admitia estudar nenhum dos pontos da doutrina que repudiara violentamente, na Terra.

A volta à carne foi pungente. Pude analisar todos os pensamentos da época, me vi insatisfeita e injustiçada e acabei concluindo que a manutenção em estado de semiconsciência foi benéfica, no sentido de não me liberar a vontade para a deflagração revolucionária contra as promessas que não se cumpriram.

Assim que terminei a revisão dessa desventura, pedi a José que me levasse à presença de outros seres em iguais condições, ou seja, católicos inconformados com o destino.

José julgou elucidativa a lição que obteria e me conduziu ao hospital, onde pude entrar em contacto telepático com muitos descrentes da realidade.

A primeira reação era supor que chegara o anjo que os conduziria para Céu. À primeira palavra, entretanto, logo percebiam que deveriam esforçar-se, de algum modo, para o entendimento da nova situação e rejeitavam-me, como se fora representante do Inferno, para a tentação. Ao falar em Jesus, nos santos ou em Deus, mais ainda se persignavam e rogavam por ajuda da Divindade ou dos padroeiros, para me afastarem.

Foi aí que me interessei por compreender esses espíritos, tendo partido da premissa de que não foram verdadeiros católicos, ou teriam resguardada a fé em que o Cristo não os enganaria em nenhum aspecto da vida espiritual que nos prometeu em seu evangelho de amor. Supunha que um católico integral emergiria no etéreo pronto para receber as bênçãos do Pai, o que se traduziria em qualquer atividade que não se transformasse em sofrimento, pela nostalgia da ventura de vida cristalizada na poesia paradisíaca dos sonhos de grandeza religiosa.

Desconfiei de que tais sofredores se viram frustrados nas expectativas, por terem sido maliciosos, no sentido de investir na fé católica para usufruto das benemerências prometidas a quem partisse sob o manto do sacerdócio, em paz de consciência alcançada pela confissão e sacramentada pela comunhão. A consciência de haver recebido os óleos santos da Extrema Unção era a chave da porta do Reino, o que deixava São Pedro sem função.

Estou avançando na compreensão psíquica dos católicos e posso adiantar que são muitos os que chegam à colônia aptos a freqüentarem as aulas de evangelização, para conhecimento das diretrizes cármicas, segundo a doutrina que, na Terra, recebeu o nome de Terceira Revelação.

Por outro lado, tenho estado na companhia de muitos espíritas convictos, que me têm demonstrado que muitos companheiros se perderam na viagem, caindo diretamente no Umbral, por terem superestimado os frágeis esforços de cumprimento das determinações kardequianas ou evangélicas.

Em suma, a redenção se alcançará mas somente quando o coração e a mente estiverem de acordo em que o bem e o amor ao próximo e ao Pai forem prioritários. Deus nos guardará pela eternidade em seu reino, assim que nos adiantarmos pelas esferas da angelitude.

Que Jesus nos ampare e nos anime, abrindo-nos o espírito para a Verdade e que nos dê força para vencermos as debilidades que nos retêm junto aos vícios, à malícia e à prepotência!

Que esta simples mensagem seja pequenina pétala de rosa a abafar um espinho de sua estrada e me considerarei feliz!

Fiquem com Deus!

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