Meningite é uma inflamação das membranas que recobrem e protegem o sistema nervoso central - as meninges .
Quando eu tinha cinco anos , numa manhã de setembro de 1979 , senti dores e comecei a vomitar um líquido verde . Como meu pai estava trabalhando , minha mãe pediu ajuda ao vizinho da casa ao lado , que levou – me ao Hospital Infantil Pequeno Príncipe , localizado em Curitiba .
Lá foi constatado que eu estava com meningite .
Depois de um mês internada no hospital , os médicos falaram que seria difícil eu sair com vida . Um certo dia dois padres entraram no meu quarto , cobriram o meu corpo com um manto roxo e rezaram orações em latim . Mais tarde descobri que aquele ritual chama – se Extrama –Unção e é executado para os enfermos em beira de morte .
Diz a lenda que minha mãe fez a seguinte promessa ao Espírito Santo : se eu saísse curada , teria um outro filho .
O pediatra que tratou de mim , na época , explicou que se eu permanecesse viva teria seqüelas horríveis .
Em novembro do mesmo ano recebi alta , porém não fiz os exames necessários para avaliar as seqüelas .
Durante a minha vida escolar tive certa dificuldade nas matérias de exatas , mas nada que comprometesse meu desempenho . Pois nunca reprovei de ano .
Porém , na minha pré – adolescência , notei que tinha problemas com a localização espacial , o que me causou transtornos na disciplina de Educação Física . Para mim era difícil distinguir o que era perto de longe e o que era pequeno de grande .
O problema é que o tempo passou , tornei - me adulta e estes transtornos dificultam até hoje a minha vida profissional . Muitas vezes sou tachada de : deficiente e de sem noção por causa destas seqüelas que a meningite deixou , gerando preconceito ao redor .
Consultei uma neurologista e ela me disse que a primeira parte do cérebro que a doença ataca é a da percepção . Neste caso , é como se a doença comesse este pedaço da mente . Por isto não há remédio que devolva o que foi perdido . O pior é que não há aposentadoria por invalidez para quem teve esta parte do cérebro afetada porque , mesmo assim , é possível andar e locomover – se .
Mas como poderei trabalhar corretamente se sofro com esta situação ?
Hoje tenho 34 anos e estou desesperada , afinal : não sei diferenciar o que é grande do que é pequno ; não sei distinguir o que é perto de longe ; só consigo atravessar as ruas olhando para os sinaleiros , pois nunca sei se um automóvel está indo ou vindo .
Escrevo este texto porque preciso de ajuda . Caso você tenha passado pelo mesmo problema , ou , conheça outra pessoa com em situação semelhante , solicito para que me mande uma mensagem para o seguinte e-mail :