Quando partiu ouvindo o choro do filho, o décimo,
no colo da mulher, a terceira, o rebento faminto
mamava na teta da mãe seca.
O homem seguiu, sem olhar pra trás esperando a sorte
Além da esquina.
Caminhou na caatinga, com o arder do sol que não finda.
Chegou na estrada procurando fazer a lida, pulou no caminhão.
pra mudar de vida.
Estrada longa e o homem que vem do norte cheio de expectativa
tem na cabeça a esperança que voltará para buscar a Ciça.
A cidade é a coisa mais linda, é tanta luz, é água na torneira,
é tanta comida, tanta fruta na feira.
Caminha de um lado para o outro, mendigo sem saber,
ignorante da vida, não consegue emprego nem pra sua própria
comida.
A fome aperta, o lixo é a salvação, a concorrência é total,
mais um dia acaba, no outro nada para fazer.
Na rua, junta-se aos covardes e assume o cão como guia,
roubo, furto, arma, droga, puta, bicha.
Compra, rádio de ouvido, calça jeans, esta feliz por mandar dinheiro
para Ciça.
Na rua, arruma uma dona para passar a noite, ela é da vida.
Ele, continuando amando a mulher que fico no norte, mas,
dorme com a vadia.
Na noite, depois de roubar uma carteira cheia de dinheiro,
passou pela igreja, achou interessante, passou a seguir a fé.
Dedicado chegou a lider, homem de Deus, servindo a Deus.
sua família adeus.
Agora salvo, encontrou o caminho de Jesus, caminhava novamente
numa estrada e pegou carona na fé, deu pé.
Agora rico esqueceu a fome, esqueceu a Ciça, fez nova família, anda
por outros caminhos.
Ele só acha estranho o fato de ter medo de dormir sozinho.
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