Para melhor compreensão do poema,sugerimos que leia antes algumas informações sobre Edith Piaf que constam no final desta publicação..
O poema “Presença Anímica” foi composto, quando no final de uma tarde escutava Hymne a l’amour
Presença Anímica
Para Edith Piaf
A tarde, quando o sol se despedia
E levitavam seus últimos raios
Meus olhos choraram uma dor
Que não somente em mim habitava
Incontida fez-se a emoção
Misturada a uma saudade
Que a mais alguém pertencia
Inquieta e instigante sensação
A despertar o imponderável
Desfolhando as páginas da razão
Lágrimas despiram minha face
Duplicadas e em matizes de cumplicidade
A própria solidão deixou-se refutar
Como a apelar à consciência respostas
Para o sentir que transbordava
O vento frio, o açoite do vazio
Eco de um pranto unido ao meu
Como a sentir-se em mim e comigo
A saudade, promessa de encontro
Depois apenas o nunca mais
Um adeus jamais pronunciado
O crescer das horas trazido pela lua
Esculpiu-me o rosto da noite
Desvencilhando-me do torpor
Em meus olhos apenas uma indagação
Pousada em silenciosa reverência
Brisas sutis e lentas afagaram-me
Enquanto o tempo fingia dormir.
© Fernanda Guimarães
Em 08.07.02
Sobre Edith Piaf
Nascida Edith Giovanna Gassion, apelidada Môme Piaf, eternizada como Edith Piaf. Nasceu em 19 de dezembro de 1915. Conta a lenda que Anetta Giovanna Maillard, sua mãe, deu à luz sob um poste, na Rue de Belleville 72, 20º distrito de Paris, num bairro de classe média trabalhadora.
Uma mulher de personalidade marcante, cujo talento incomparável atravessou décadas e será eternamente reverenciada pelos amantes da Arte, como uma das grandes vozes do século.
A história de Edith Piaf desafia a imaginação de um bom escritor. "De todas as cantoras autenticamente populares, Piaf é, talvez, aquela cuja existência e carreira foram copiosamente travestidas por uma infinidade de histórias mais ou menos confirmadas e de lendas mais ou menos verdadeiras.
Foi em New York que Piaf conheceu Marlene Dietrich, uma amizade que durou toda a sua vida, e Marcel Cerdan, o pugilista, por quem se apaixonou.
Perante o público, ela procurava manter o romance apenas na esfera da "grande amizade".
Marcel era casado, tinha filhos, e isto constrangia Piaf.
Mas, manchetes internacionais logo revelaram o romance da "Rainha da Música Francesa" e do "Rei do Ring".
O que sua relação tinha de ilegal, o fervor popular legitimou."
A Marcel Cerdan dedicou um de seus mais belos clássicos: "L hymne à l amour", canção escrita em parceria com a compositora francesa Marguerite Monnot.
Apresentada pela primeira vez no Versailles, "Hino ao amor" possui algo de premonitório:
" Si un jour, la vie t arrache à moi,
Si tu meurs, que tu sois loin de moi
Peu m importe, si tu m aimes,
Car moi, je mourrai aussi...."
"Se um dia, a vida te arrancar de mim,
Se morreres, se ficares longe de mim
Que me importa, se me amas,
Porque eu morrerei também."...
O infortúnio acompanhava Piaf... e na vida, aconteceu diferente do final da canção: "Deus reúne aqueles que se amam"...
Em outubro de 1949, ela estava em New York. Marcel iria encontrá-la, após um série de lutas em benefício de pugilistas inválidos.
Sozinha e saudosa, ela pediu que ele tomasse um avião, em vez de um navio que demoraria uma semana. Marcel argumentou...ela insistiu...
Esta foi a última vez que se falaram.
O avião, um Constellation, caiu nos Açores.
Edith recebeu a notícia poucas horas antes de uma apresentação, no Versailles.
Subindo ao palco, ela calou os aplausos com um gesto e repetiu para a platéia o que já dissera aos amigos: "Hoje à noite, canto para Marcel Cerdan, em sua memória, unicamente para ele".
Ao final da quinta música, Piaf desmaiou.
Os jornais do dia seguinte trouxeram de volta a dor da realidade: "Eu o matei", repetia ela...
Material extraído do site: http://www.bibi-piaf.com/
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