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Cartas-->Matando-me Suavemente -- 08/08/2002 - 01:42 ( Andre Luis Aquino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ouvi dizer que ela era uma pessoa legal e que tinha um grande coração, que ela era uma pessoa sensível assim como eu me julgo ser, que tinha uma forma de dizer as coisas muito suave e que tinha um estilo meigo de olhar.
Então fui vê-la com meus próprios olhos, ouvi-la com meu coração por alguns momentos e lá estava ela, aquela senhora de olhar meigo é verdade, de cabelos brancos como a neve (neve sempre me deu impressão de algo triste, não sei porque), com rugas no rosto que lhe conferiam uma expressão feliz, usava um vestido vermelho e algumas pulseiras douradas no pulso direito, tinha um sorriso brilhante, parecia ser mesmo alguém especial.
Ela se sentou em frente a um piano de cauda negro, todo reluzente, e começou a tocar uma canção e lá estava aquela senhora que parecia ser tão frágil por fora mais forte por dentro, talvez tivesse se casado uma vez, amado ou traído, amada ou traída, quanto coisa ela deve ter visto, o que ela aprendeu? Será que ela teve filhos? Aquela senhora era uma estranha aos meus olhos mais muito familiar ao meu coração, da onde eu estava podia ver seus olhos brilharem como se estivessem prestes a chorarem, uma brisa bem leve soprava pela janela, as cortinas brancas esvoaçavam e tremulavam bem devagar, a canção era triste como muitas canções são, mas aquela parecia ser a mais triste de todas as canções.
Abrindo as feridas já cicatrizadas e as fazendo sangrar de novo, com seus dedos e sua voz, aquela senhora, aquela canção, pareciam falar da minha vida, dos meus medos e dos meus erros, as palavras cortavam os meus sentimentos e iam matando-me suavemente.
Fiquei com vergonha, com o rosto todo vermelho, suava frio, eu achei que ela tinha encontrado minhas cartas e os meus diários e os estava lendo em voz alta, eu rezava para que ela parasse de cantar, mas ela simplesmente continuou adiante.
Ela cantava como se me conhecesse, como se soubesse de todo meu secreto desespero e desesperança, das minhas saudades de tempos que não vão voltar jamais, dos meus sonhos defeitos e daqueles que eu ainda teimo em sonhar.
E então ela olhou direto e através de mim, como se eu não estivesse lá, mas eu estava... e estava lá também aquela senhora estranha aos meus olhos e tão familiar ao meu coração, que parecia saber muito mais a respeito de mim que eu mesmo queria saber, estava lá aquela senhora cantando alto e claro a minha vida , aquelas palavras me cortavam a pele matando-me suavemente.
Ela terminou a canção, levantou-se e agradeceu com a cabeça os aplausos, caminhou em direção a porta e virou a cabeça para trás, mais uma vez olhou direto para mim, só que desta vez não foi através de mim.
Ela atravessou uma porta cinza e nunca mais vi aquela senhora, mas me lembrarei dela pelo resto da minha vida.




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