as sete horas levanto-me automáticamente, com sono, com angustia da espera por algo novo, nada...
escovo os dentes, só porque eu sempre fiz isso, não me importo com meu hálito...
engulo o cafépretofriofracoamargo, digo até logo, caminho pela calçada, as vezes chove, as vezes não, as vezes o brilho do sol ofusca, as vezes não, as vezes mesmo com o brilho ofuscante do sol faz frio, as vezes não. . .
. . .chego a parada de ônibus, e espero, e espero, de novo, de novo, e de novo, mas nada, mais nada acontece, e de novo, de novo, o ônibus chega. . . subo no coletivo que coleta todas as esperanças de todos, e todos esperamos o tempo passar e a estrada passar, um vento frio entra pela janela, e ninguém fecha a janela, porque ninguém sabe o frio, porque todos já estão frios. . .
desço do ônibus, em fila, por que?, porque todos descem, caminho, caminho mais um pouco, e chego a escola, a paisagem desse caminho eu não lembro, porque não a vi, nem me lembro de ter andado. . .
chego na escola, entro na sala, sento na cadeira, escuto o professor, escrevo o que é pra se escreve, vou ao banheiro, saio para o intervalo, fumo escondido um cigarrinho, só pra esquecer, olho as meninas, jogo futebol, saio da escola, pego um ônibus, chego em casa, mas não lembro nada o que passou da paisagem desses caminho. |