Era esse o dito expresso no quadro
de fundo vermelho que tinha uma
menina sorridente, de olhos brilhantes
e singelos, que me olhava da fotografia
tendo ao lado um pinheiro verde e salpicado
de bolas coloridas e de outros enfeites.
Sobre a mesa, atrás da qual a sua imagem
se sentava, pacotes artisticamente envoltos
e amarrados com arranjos de fitas brilhantes
davam um clima de festa
à fotografia e à o seu rosto.
Expressão angelical e inocente
que transmitia tanta felicidade.
Era dezembro.
Dois anos já se haviam passado da data
marcada a caneta atrás do porta-retrato.
Tanto havia acontecido.
Tanta mudança, tanta coisa diferente.
Eu também não era o mesmo.
Nada era a mesma coisa em minha vida.
Passaram-se os dias pelo tempo
e com tanta mudança tanto sobreviveu.
As pessoas mudaram...as coisas, os costumes.
Mudança houve nos valores,
nas idéias e nos ideais.
Projetos foram realizados e outros abandonados.
Muitos ideais conquistados, alguns fustrados
e outros ainda considerados obsoletos.
Tantas foram as mudanças!
Eu mudei sem saber, sem entender, sem aceitar.
Mudei, mas digo que ainda sou o mesmo.
Se não mudei por que eu choro ao me lembrar
do que era belo e me fazia feliz
e que hoje é motivo das lágrimas
que escorrem pelas minhas faces.
Sim eu nego aceitar que fui feliz
e que hoje estou mudado.
Não aceitamos nossa própria mudança
pois inconcientemente sabemos
que a hora dessa aceitação
é a hora marcada para partirmos.