Não satisfaz o verso que lhe trago,
Querendo sempre mais do pobre autor.
Assim, não há quem seja superior
Que não se perca um pouco, em texto vago.
Mas tudo o que fizermos com amor,
Embora lhe causemos n’alma estrago,
Vai dar-lhe a sensação de já estar pago,
Pelo trabalho imenso de compor.
Então, o nosso amigo se alardeia
De médium e psicógrafo poético,
Por muito que esta trova esteja feia.
É que, coitado, o tom se dá patético,
Enquanto o versejar aformoseia,
Para tornar quem lê bem menos cético.
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