Usina de Letras
Usina de Letras
80 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62242 )

Cartas ( 21334)

Contos (13266)

Cordel (10450)

Cronicas (22538)

Discursos (3239)

Ensaios - (10369)

Erótico (13570)

Frases (50639)

Humor (20032)

Infantil (5439)

Infanto Juvenil (4769)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140811)

Redação (3308)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6196)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Sobre Luiz Gonzaga Júnior -- 11/12/2001 - 21:49 (Felipe Cerquize) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Começaria tudo outra vez

se preciso fosse, meu amor

A chama em meu peito ainda queima, saiba

nada foi em vão



A cuba-libre da coragem

em minhas mãos

A dama de lilás

me machucando o coração

Na sede de sentir seu corpo inteiro

coladinho ao meu



Então eu cantaria a noite inteira

como já cantei, eu cantarei

As coisas todas que já tive

tenho e sei

um dia terei



A fé no que virá

e a alegria de poder

olhar pra trás

e ver que voltaria com você

de novo viver

nesse imenso salão



Ao som desse bolero

vida, vamos nós

e não estamos sós

veja meu bem

a orquestra nos espera

por favor, mais uma vêz

recomeçar



Mais uma vez e sempre

recomeçar



Todo dia recomeçar



xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx



Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior nasceu em 22 de setembro de 1945, no Rio

de Janeiro, filho de Luiz Gonzaga, o rei do baião, e Odaléia Guedes dos

Santos, cantora do Dancing Brasil.



"Venho de Odaléia uma profissional daquelas que furam cartão e de vez em

quando sobem no palco; ela cruzou com meu pai e de repente eu vim"

(Gonzaguinha)



A mãe morreu tuberculosa dois anos depois e o pai, não podendo cuidar do

menino porque viajava por todo Brasil, entregou-o aos padrinhos



"Dina (Leopoldina de Castro Xavier) e Xavier (Henrique Xavier), baiano do

violão das calçadas de Copacabana, do pires na zona do mangue, morro de São

Carlos foram eles que me criaram e por isso eu toco violão. (Gonzaguinha)



As primeiras letras Gonzaguinha aprendeu numa escola local, mas as

verdadeiras lições de vida recebeu pelas ladeiras do morro. Quando garoto,

para conseguir algum dinheiro, carregava sacolas na feira.



Moleque Luizinho – seu apelido de infância, ia aprontando das suas. Pipas,

peladas, bolinha de gude, pião e os acidentes da infância. Como as três

vezes em que furou o olho esquerdo. Na primeira, com uma pedrada, depois,

com um estilingue e, na quina da cama, com isso perdeu 80% da visão desse

olho.



No carnaval fugia com Pafúncio, um vendedor de caranguejos que morava nas

redondezas e era membro da ala de compositores da Unidos de São Carlos, a

partir daí, o samba estaria definitivamente em sua vida. Nas ruas do

Estácio, Gonzaguinha ia crescendo, entre a malandragem dos moleques de rua e

o carinho da madrinha.



Do pai, recebia o nome de certidão, dinheiro para pagar os estudos e algumas

visitas esporádicas. Imerso no dia-a-dia atribulado da população,

Gonzaguinha ia aprendendo a dureza de uma vida marginal, a injustiça diária

vivida por uma parcela da sociedade que não tinha acesso a nada.



O aprendizado musical se fez em casa mesmo, ouvindo o padrinho tocar violão

e tentando fazer o mesmo:"Sempre toquei um instrumento e poderia chegar a

tocar bem, sendo um músico profissional, coisa que não sou. Sou um

compositor e um intérprete que também toca violão, mais não sou músico nem

tenho intenção de me arvorar a sê-lo" (Gonzaguinha)



Quando pequeno, Gonzaguinha ouvia Lupicínio Rodrigues, Jamelão e as músicas

de seu pai. Gostava de bolero e era assíduo freqüentador de programas

sertanejos. Ouvia também muita música portuguesa, pois D. Dina sua madrinha

e mãe adotiva, era filha de portugueses e manteve-se ligada às tradições

familiares.



Aos catorze anos, Gonzaguinha escrevia sua primeira composição: Lembranças

da Primavera. Pouco mais tarde , compôs Festa e From U.S of Piauí, que seu

pai gravaria em 1967.



Em 1961, Gonzaguinha, que estava completando 16 anos, foi morar com o pai em

Cocotá. Xavier e Dina não podiam dar estudos para o garoto, que queria

estudar economia.



Neste ano Gonzaguinha estudou muito, desde então jamais repetiu um ano, lia

todos os jornais e guardava tudo num saco de estopa, ele dizia que esses

jornais podiam ajudar ele nos estudos. Só depois de formado é que ele jogou

tudo fora.



Trancado no quarto, estudava economia e tocava violão. Quando saía, ia para

a praia jogar futebol, sua outra paixão. Como já fizera no morro de São

Carlos, esquecia dos horários e nunca vinha almoçar.



Em dezembro de 61, ocorreu o primeiro acidente automobilístico de sua vida,

em viagem com o pai e uma amigo, a caixa de mudança do carro enguiçou, isso

ocorreu no Rio, em direção a Miguel Pereira, Gonzagão ficou um mês

hospitalizado, e Gonzaguinha só sofreu um grande susto.



Os desentendimentos com Helena, esposa de Gonzagão, fizeram com que o menino

acabasse sendo interno em um colégio. Talvez tenha sido a partir daí que o

"homem" Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior tenha começado a se delinear. Não

só concluiu o Curso Clássico, como ingressou na Faculdade de Ciências

Econômicas Cândido Mendes (Rio de Janeiro). Aquele que tinha tudo para não

dar em nada, começava a mostrar o cidadão consciente social e politicamente.



O começo da amizade com Ivan Lins e alguns outros teve inicio na rua

Jaceguai, na Tijuca onde morava o psiquiatra Aluízio Porto Carrero, um homem

que gostava de levar pessoas a sua casa para longas conversas, jogos de

cartas ou uma roda de violão.



Foi nesta casa que Gonzaguinha conheceu Ângela, sua primeira esposa, mãe dos

seus dois filhos mais velhos, Daniel e Fernanda .



Das rodas de violão na casa do psiquiatra nasceu o M.A.U. (Movimento

Artístico Universitário) e dele faziam partes nomes como Ivan Lins, Aldir

Blanc, Paulo Emílio, César Costa Filho. "Éramos um Grupo com pretensões de

romper as barreiras do mercado de trabalho, com a consciência de que os

festivais não projetavam ninguém" (Ivan Lins). O MAU acabaria sugado pela TV

Globo que em 1971 lançava o programa "Som livre exportação".



Nos primeiros dois meses as coisas caminharam bem e o grupo fez grande

sucesso. Passando esse período, na hora da renovação do contrato, a Globo só

queria Ivan Lins, Gonzaguinha e César Costa Filho. No início eles procuraram

manter-se unidos , "na base do ou assina todo mundo ou ninguém assina".

Passados os primeiros dias, as grandes somas envolvidas, as diferenças

pessoais e outros fatores cindiram o grupo. O programa continuou por mais

algumas semanas, comandado por Ivan lins, que foi o que mais vacilou na

defesa do grupo.



"Não era uma questão de eu ser mais ou menos forte que o Ivan. É uma questão

estrutural. Só isso. A minha imagem de antipatia não permitia que as pessoas

tentassem me cooptar. Isso me deixava muito distante. (Gonzaguinha)



Foi nessa época que se difundiu a imagem de Gonzaguinha como um artista

agressivo, chegando um jornalista a chamá-lo de "cantor rancor". Para o

compositor, sua agressividade foi criada pelo sistema para ele vender mais.



Em 1973, Gonzaguinha participou do programa Flávio Cavalcanti apresentando a

música Comportamento Geral num dos concursos promovidos pelo programa. Os

jurados ficaram apavorados com a letra que dizia "Você deve aprender a

baixar a cabeça e dizer sempre muito obrigado/ São palavras que ainda te

deixam dizer por se homem bem disciplinado/ Deve pois só fazer pelo bem da

Nação tudo aquilo que for ordenado".



Muita polêmica, uma advertência da censura mas, em compensação, o compacto

gravado pelo compositor, que estava encalhado nas prateleiras das lojas,

esgotou-se em poucos dias e logo Gonzaguinha pulava do quase anonimato para

as paradas de sucesso na Rádio Tamoio e era convidado para gravar um novo

disco.



Como era de se prever naqueles anos de chumbo, a divulgação da música logo

foi proibida em todo o território nacional e Gonzaguinha "convidado" a

prestar esclarecimentos no DOPS. Seria a primeira entre muitas visitas do

compositor ao orgão público. Para gravar 18 músicas, Gonzaguinha submeteu 72

à censura - 54 foram vetadas!



Apesar de toda a perseguição, Gonzaguinha nunca deixou de divulgar seu

trabalho: quer seja em discos onde driblava os censores com canções

alegóricas, quer seja em shows onde, além de cantar as músicas que não

podiam ser tocadas nas rádios, Gonzaguinha não se continha e exprimia suas

opiniões e sua preocupação com os rumos que a nação tomava.



Em 1975, Gonzaguinha dispensou os empresários e essa atitude foi fundamental

para sua carreira, segundo Gonzaguinha a vantagem de trabalhar independente

dos empresários está nos contatos que o artista mantém com várias pessoas, o

que concorre para recuperar se a base humana do trabalho.



O ano de 1975 foi particularmente importante na vida do compositor: tendo

contraído tuberculose, Gonzaguinha viu-se obrigado a passar oito meses em

casa e aproveitou o tempo para meditar e refletir sobre si mesmo. Neste

período acabou chegando a algumas conclusões importantes.



"Achei que devia retomar toda uma espontaneidade em termos de apresentação,

de estar no palco como se estivesse em qualquer outro lugar" (Gonzaguinha)



O ano de 1975 também marcou o início das suas excursões pelo Brasil, em que

rodou todo o país de violão. Com isso, conseguiu solidificar as bases

nacionais de sua arte e descobriu a importância de seu pai, na música

popular brasileira.



Em 1976, Gonzaguinha gravou o LP Começaria Tudo Outra Vez. O disco, de

acordo com o próprio autor, representou a capacidade de voltar ao início da

carreira, retomar a espontaneidade perdida e "assumir a coerência de um

trabalho que vem se estendendo há muito tempo"



Depois disso, sua carreira constituiu um coleção de sucessos, tanto nas

apresentações ao vivo como nos diversos LPs que lançou, entre os quais

Gonzaguinha da vida (1979), Coisa Mais Maior de Grande (1981), Alô, Alô

Brasil (1983), em toda essa trajetória, Gonzaguinha tem demonstrado, ao lado

de qualidades artísticas indiscutíveis, uma grande coerência de idéias sobre

a arte, a vida e a dimensão política do homem.



Seus últimos 12 anos de vida, Gonzaguinha passou-os ao lado de Louise

Margarete Martins - a Lelete. Desta relação nasceu Mariana, sua caçula,

afilhada de Fagner, amigo e parceiro em músicas que permanecem inéditas. Até

hoje Lelete e Mariana vivem em Belo Horizonte, cidade onde Gonzaguinha viveu

durante dez anos.



A vida em Minas, mais calma, com longos passeios de bicicleta em torno da

lagoa da Pampulha, marcou um período mais introspectivo de sua carreira. O

músico dedicava-se a pesquisar novos sons dividindo-se entre longos períodos

em casa e demoradas turnês de shows pelo país.



A mais importante dessas turnês talvez tenha sido com o show "Vida de

Viajante", ao lado do pai Luiz Gonzaga, em 1981. Não apenas um show, "Vida

de Viajante" selou o reencontro de pai e filho, a intersecção de dois

estilos, o Brasil sertanejo do baião encontrando o Brasil urbano das canções

com compromisso social e uma só paixão - o palco.

Se "Todo artista tem de ir aonde o povo está", lá estavam pai e filho

deixando mágoas, desavenças, ressentimentos na poeira das estradas. Viajando

juntos por quase um ano, mais do que se perdoaram - tornaram-se amigos. Não

houve reconciliação, houve compreensão







Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui