Nota do Autor: Sugiro inicialmente uma breve leitura do assunto "Teoria do Caos" em http://www.professores.uff.br/salete/caos.htm.
Tomei também a liberdade de publicar junto aos meus textos o excelente “A TEORIA DO CAOS”, de Gian Danton, com alguns comentários, pois considero a leitura indispensável à compreensão do presente trabalho. Publico-o assim apenas visando a comodidade dos meus leitores, ainda que sem uma autorização formal daquele autor, e informo que o texto pode ser visto no endereço indicado abaixo. Não há, de minha parte, quaisquer finalidades comerciais envolvidas.
http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=815
A TERCEIRA FACE DO CAOS - INTRODUÇÃO
Uma das versões dessas piadas que alguns profissionais gostam de inventar para zombar de colegas de outras áreas do conhecimento diz o seguinte:
Três amigos estão num bar bebendo e surge uma conversa sobre a profissão mais antiga do mundo. Argumenta o primeiro:
- “É claro que a profissão mais antiga do mundo é a dos cirurgiões. Deus tirou uma costela de Adão pra fazer Eva...”
Diz o segundo:
- “Isso não significa nada. Antes de Adão e Eva Deus já havia criado o Jardim do Éden, portanto a profissão mais antiga é a de Arquiteto e Urbanista!”
- “Nada disso”, diz o terceiro, “antes de Adão e Eva, antes do Jardim do Éden, antes até do Faça-se a Luz o que existia?”
- “O Caos”, respondem os outros dois, em conjunto.
- “Portanto, a profissão mais antiga do mundo é a de Administrador!”
Brincadeiras à parte, uma visão cosmogênica bastante bem aceita nas últimas décadas, ao menos no ocidente “cientificizado”, é a do Big-Bang. Se existe alguma verdade nisso, ou se é cientificamente demonstrável que tudo o que chamamos de energia, matéria, tempo e espaço começou numa enorme explosão (o que, diga-se de passagem, confere bastante bem com o Fiat Lux - Faça-se a Luz - presente não só na Bíblia Sagrada mas também em diversas outras tradições religiosas) é assunto que deixo para os especialistas em astrofísica e em todas as religiões que assim vêem o mundo. A mim, neste momento, importa apenas que não consigo imaginar que o Cosmos não tenha tido um início formal, mesmo que seja mais difícil ainda pensar que algo possa ter causado esse início, e que esse algo também precisou ter um início, e assim por diante...
Uso aqui a palavra Cosmos com o sentido de “Universo ordenado, perceptível pelos nossos sentidos e instrumentos, desde as galáxias e estrelas até as partículas subatômicas”, em oposição a “Caos: estado de energia e matéria sem forma e com espaço e tempo indefinidos que existia antes do universo ordenado, conforme algumas visões cosmológicas e religiosas”. Veja que aqui não há muita relação com o sentido mais popular de caos: desordem, confusão.
Supondo que o leitor que chegou até este ponto do texto seguiu minhas sugestões anteriores de leitura, ou tem algum conhecimento elementar da Teoria do Caos, passo agora a explicar o título deste artigo.
Supondo a existência inicial do caos (como definido acima) e que, em algum momento, algum evento (que tanto pode ser o Fiat Lux como pode ser o Big Bang) colocou alguma espécie de ordem nesse caos, teremos como resultado o cosmos, ou seja, o caos após a organização, que chamamos de universo. Se concordarmos com a Teoria do Caos, o atual universo não é tão organizado assim pois, se fosse, estaríamos num universo desnecessário já que a ordem absoluta tornaria tudo absolutamente previsível. (O Universo seria desnecessário se fosse totalmente previsível? Algo a discutir em breve...)
Um outro ponto a ponderar é o nosso conceito de organização. No texto introdutório, de Gian Danton, o autor apresenta quatro séries numéricas em ordem crescente daquilo que chamamos de complexidade. As duas primeiras séries são facilmente compreensíveis, a terceira não é assim tão complicada (ainda mais depois da explicação) enquanto a quarta, segundo o autor, foi obtida por ele ao digitar aleatoriamente números no teclado do computador. Pois bem, posso propor aqui duas outras séries:
5, 2, 9, 8, 4, 6, 7, 3, 1
e
8, 5, 4, 9, 1, 7, 6, 3, 2.
Garanto que estas séries têm critérios de ordenamento bastante compreensíveis depois que os descobrimos, mas quais?
[aguarde a segunda parte...] |