Escombros
Olhos sonâmbulos, debruçados em reflexões
Insones, enquanto se lêem, surpresos
Quadro à quadro, imagens atônitas
O cérebro vencido, emudece embrutecido
Duelos são travados, guerrilhas
Emoção e razão, em pretensa dualidade
As paredes da alma entreabrem-se, sufocadas
Sobreposição de tintas, quimeras borradas
Vida passada à limpo, lixas de dor
Fusões de aquarelas, amontoado de anseios
Partes que se afogam, gritos mudos de socorro
Numa tela/espelho dedos em riste, impiedosos
Perguntas inquiridoras, no limbo da alma
(Onde está o celeiro de felicidade sinalizado?)
Diluí-se o banquete, onde sonhos refestelavam-se
No prato, migalhas que se riem são oferecidas
Mendigam sombras, em holocausto
Vultos que se movimentam na escuridão
Ofuscando a claridade de sonhos em útero
Pedaços que agonizam em caminhos tortuosos
Retratos amarelados, desbotados choram
Estampados nos outdoors dos desencantos
Em devaneio, guaches desprendem-se da alma
Invadem os escombros dos meus versos
Um labirinto difuso movimenta-se em espiral
Estradas afuniladas, mitigam perspectivas
Um tempo que expira, cristais estilhaçados
© Fernanda Guimarães
Em 21.06.00
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