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Infantil-->UM BICHO NOTA DEZ -- 04/06/2010 - 10:01 (Alzira Chagas Carpigiani) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quando alguém diz para alguém:
“Sabe, meu bem, você só tem minhocas
na cabeça.”
Pode apostar que é uma criatura
querendo arrumar
confusão,
porque ter minhocas na cabeça não
é boa coisa, não.
Mas quando se trata da
minhoca – bicho da natureza –
aí a coisa toda muda,
porque a minhoca é um bicho muito útil
que nunca ameaça ninguém.
Pequena, humilde, sem frescura,
ela cavouca que é uma beleza,
revira toda a terra,
cumprindo a sua missão.

Basta que se esburaque
um pouco a terra úmida
e logo aparece uma
minhoca miúda...
assustada, de fato.
Mas levante a mão quem
nunca fez isso?
Ah!Já vou avisando:
não adianta nem sonhar
com um bate-papo.
A moça não é dessas, tá?
Ela leva muito a sério
o seu serviço
e não vai perder tempo
com conversa fiada.

Luz do sol? Nem pensar!
A minhoca não gosta de
claridade e protesta.
Ela prefere os lugares escuros
e úmidos das profundezas
da terra.
Lá embaixo sim, a vida dela é
uma festa.
É lá que ela passa horas e horas
mastigando terra com grande apetite
e fazendo cocô sem alarido.
Não senhor! Não senhora!
Sem essa de bronca,
porque o cocô da minhoca
não é fedido.
Aliás, é bom que se diga,
o nome dele nem é cocô,
é húmus e é ele quem faz a terra
ficar forte e vitaminada...
Quer saber? Veja se você
concorda comigo:
até o cocô da minhoca
é nosso amigo.

A minhoca tem a força,
com ela até o chão duro
do deserto pode dar certo.
Pode, por exemplo, virar
um lindo jardim!
É, a minhoca também pensa assim
e cava, cava, cava...
a terra consegue respirar e
e agradece a ajuda
soltando de dentro dela uma muda...
uma bela muda de jasmim.

O escava-escava não pode parar
e outras mudas começam a brotar.
O que antes era chão seco e rachado,
transforma-se num jardim encantado.
Há de tudo nele:
gerânios, margaridas, rosas, girassóis,
crisântemos, dálias, cravos,
angélicas, petúnias, violetas, hortênsias
e perto dessas flores há também
muitas outras vidas como
abelhas e seus favos, joaninhas,
colibris, libélulas, caracóis ...

E a minhoca continua cavando,
esburacando decidida,
porque ela sabe que do seu
trabalho depende também,
vejam só, a
nossa vida!
Depois do deserto que virou
jardim, surge outro, ainda mais
seco e mais triste... mas
quem liga pra isso? Quem se
importa?
A minhoca se importa!
De novo ela se anima
e pede que lhe tragam água.
Já pensou transformar
aquela tristeza toda numa horta?
E o corpo da minhoca continua
a cavar galerias na terra espessa
e a terra molhada
logo entende o recado.
Chega de natureza morta!
O resultado?
Bem depressa brota um nabo.
Depois, dois nabos,
uma fileira de nabos!
Para alegria da lavoura
brota também uma cenoura.
Depois, duas cenouras,
uma fileira de cenouras!
A minhoca cava e baba
uma baba especial que seca
seus pequenos túneis
e segura a terra.
E eis que de repente surge
toda gorda e linda
uma corada beterraba!

Depois de tantas flores e
de tantas raízes
que brotaram do chão,
a terra toda arejada
gostou tanto da empreitada
que resolveu criar folhas
também.
Pipocou aqui uma alface lisa,
logo adiante pipocou uma
assanhada alface crespa e os
pipocos foram tantos que
num instante se viam dançando
ao sabor da brisa:
agrião, couve-flor, couve-manteiga,
couve-de-bruxelas e até uma tal de
couve-rábano, ui! brócolis, chicória,
espinafre, escarola, salsinha,
salsão e outras verduras
em profusão.
Espere aí, que ainda não acabou, não.
Tem mais, bem mais de onde
já veio tudo isso,
a minhoca nos garante.
E como ela não quer saber de
ninguém ignorante,
enquanto areja a terra,
ela aconselha ao homem
que tenha com a terra um
compromisso e que plante:
araruta – excelente alimento
para os doentes e para as
crianças;
batata – que gostosinha ela é,
frita, assada, cozida, esmagada
em forma de purê até.
Almoço pronto, é só preparar a
mesa pra mais uma comilança.

E, por fim, a sobremesa – que
ninguém é de ferro, não é?
Lá se vai a minhoca de novo
transformar outra terra,
outro pedaço desanimado
da natureza
para que os homens,
esses chorões,
possam ganhar sobremesa.
Juntas, minhoca e terra,
criam um pomar divino.
Nesse pomar há frutas
para todo o povo,
do paladar mais simples
ao mais esnobe e fino.
Mexerica, abacaxi, ameixa,
amora-preta, figo, caqui,
maçã, pêra, pêssego, kiwi,
morango, nectarina,
jabuticaba da cor dos olhos
da menina,
laranja, abacate, melancia,
a acerola da vitamina C,
a banana bem doce,
fruta-do-conde,
fruta-pão,
cajá, jaca,
jambo, jatobá,
mangaba, pequi, melão,
pitanga, pitomba,
pupunha, romã, sapoti,
umbu, ufa!, uvaia...

Amanheceu e como a minhoca
não gosta de claridade,
até que de novo a noite caia,
ela vai dormir um pouco.
Depois de tanto trabalho
− eu acho que todos vão concordar –
O que a minhoca dorminhoca
precisa de verdade
é de um intervalo
para o seu soninho de majestade.
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