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Poesias-->ESTUPRO SOCIAL -- 08/09/2002 - 04:35 (LUMONÊ) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quando cheguei estava nú.

Era ingênuo, puro e virgem.

E tinha como sonhos e planos

ser eu e nada mais.



Mas meu eu foi humilhado

desconsiderado,

pisado e por fim,

estrupado no meio de toda merda

de um banheiro público

onde fui levado a parir

um novo eu.



Uma mentira

feita sob medida

para que eu fosse aceito

por uma sociedade

que é uma farsa.



Hoje eu

de fato não sou eu.

Sou sim o fruto

de uma violação,

de um estupro

praticado por uma sociedade

que na impossibilidade

do banimento, me oprime.



Hoje eu não passo

de um monte de merda.

De uma grande mentira

inventada por uma cabeça assustada.

Não passo de minha farsa,

mas sou aceitável

como tudo que é falso.



Eu sou a negação de mim mesmo.

Sou minha máscara.

Vivo para tudo aquilo

para o qual não nascí

e por falar em nascer

ter nascido morto

teria sido um sonho

ao passo que a vida

me faz acordar assustado.



Se ao menos eu soubesse quem sou!

Qual a verdade que se esconde

atrás desta mentira que sou.

Mas foi tanto tempo mentindo

que a memória ficou fraca

e eu já não me lembro de mim.



Eu já não sei a merda que fui,

se é que um dia cheguei à merda.

Só sei que sou mentira

que é o que o mundo merece de mim.





® LUMONÊ







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