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Artigos-->Elegia PanAmérica -- 13/08/2008 - 00:09 (Lúcio Emílio do Espírito Santo Júnior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Abri hoje os jornais e li: morre José Agrippino de Paula. Fiquei com essa notícia na cabeça. Preciso ir até o Retiro do Chalé, onde meus pais possuem um terreno e pagar o condomínio. O Retiro fica perto de Belo Horizonte e é um lugar paradisíaco: um belo lago onde se pode pescar, restaurante, clube com piscinas, cachoeira. Marcos Valério também possui uma casa lá. Mas me fecho em meu quarto e penso somente em Zé Agrippino, Zé Agrippino e seu romance interminável: Os Desfavorecidos da Madame Estereofônica.

Coloquei um CD e o rock dos Beatles existiu. Gosto de Across the Universe com Fiona Apple e com a banda eslovena Laibach. A banda eslovena incluiu um coral de camponesas e meninos uniformizados. Depois voltei a ouvir a voz de John Lennon enquanto imaginei planetas, luzes e astros, céus e estrelas, sóis. Ouvi a voz grave de Agrippino me falando que mal folheou a dissertação que eu mandei, de autoria de Carlos Henrique Bento, sobre ele mesmo, Zé Agrippino. A capa de Sergeant Pepper´s tinha Hitler escondido lá atrás, fiquei sabendo. Junto com Marlon Brando, Buda e Jesus-Hitler. Porque alguém ficou na frente de Hitler, por isso ele não apareceu: supus que fosse Jesus. Mautner em Deus da Chuva e da Morte falou em Jesus-Drácula. Numa outra revista, li que o marido de Elke Maravilha a faz rir ao sair do banho com uma toalha na cabeça e cantando Carmen Miranda. Os filmes de Agrippino: Hitler Terceiro Mundo, Rito do Amor Selvagem.

Reflito: a região do Retiro, próxima de Belo Horizonte, era a antiga Serra do Rola-Moça, gerou uma canção popular coletada por Mário de Andrade e musicada por Teca Calazans. Sergeant Pepper´s foi lançado no mesmo ano do primeiro disco dos Doors. John Lennon e George Harrison curtiram o orientalismo indiano, Jim Morrison preferiu o xamanismo, Castañeda, o deserto. Os livros de Agrippino: Lugar Público, PanAmérica.

Deitado em meu quarto, escureceu. Cochilei: imagens me vinham à cabeça: Zé Agrippino, Inri Cristo. O som, ao fundo, Ray Connif. Vestido como um profeta bíblico, mandava mensagens telepáticas: “quando menos se espera a paz nos penetra”. Outras frases chegavam sem sentido. Estática: Ariano Vilar Assassino careca, a onça Caetano... Filosofia penetral, Penetrália. Resolvi também mandar uma mensagem. Eu lhe falei de um lugar onde nos sentiríamos no deserto. Sua gratidão me confortou. Partimos em silêncio. Subimos numa duna: estávamos numa praia do Ceará. De longe via o mar azul. Zé Agrippino entrou lentamente no mar: “a paz invadiu meu coração”, foi a mensagem que veio. O mar abriu-se entre algas vermelhas, tentei seguir Zé Agrippino, mas o mar arrebentou-se em mim. Ele sumiu. Na altura tudo era paz. Acordei com o final da canção de Teca Calazans nos lábios: “e a Serra do Rola-Moça, Rola-Moça se chamou...”

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