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Cartas-->Notícias de Nascimento -- 05/08/2002 - 11:38 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Triângulo Amoroso
(por Domingos Oliveira Medeiros)

A notícia parecia ser grave. Pelo menos o sinal assim indicava. Ele alegava que ela teria aberto o precedente. Que foi ela que o seduziu. Que vivia atrás dele. O fato e que ele não resistiu e acabaram morando juntos. Numa união perfeita. Como se fossem um só. O artigo não citava nomes. Nem pronomes. Mas falava em fusão. Sugerindo acasalamento.

Mas, nas entrelinhas da noticia, havia um terceiro elemento. Quase um detalhe. Que teria um “caso” permanente com ela. Para melhor esclarecer, o advérbio: um caso bastante antigo. Ela, em forma de proposição, queria reger o nome, o pronome ou outro elemento que a seguisse. Segundo as más línguas, andavam sempre juntos. De beijos e abraços, com o seu adjunto adverbial. Adjunto que, diga-se de passagem, era um andante, um vagamundo, adjunto do próprio verbo ir.

Até que, desta união, apareceu o artigo, que, por sua vez, descobriu tudo. A substância do problema. O substantivo. E desse triângulo amoroso, preposição, que se deixou introduzir pelo advérbio do verbo ir, juntou-se ao artigo, que determina o substantivo, e, assim, dessa fusão, nasceu a crase.

Que a manchete do jornal anunciava em letras garrafais. TRIÂNGULO AMOROSO ACABA BEM.

O artigo definido feminino, quando precedido da preposição ( “a” ), funde-se com ela, e tal fusão é representada na escrita por um acento grave sobre a vogal. O resultado dessa fusão é o nascimento da crase. Mãe e filha passam bem. Visitas à tarde. Semana a semana.

Domingos Oliveira Medeiros
05 de agosto de 2002
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