(pra meu susto e espanto,
acordou-me com seu canto!)
Você conhece
o relógio cuco?
É um relógio antigo,
interessante!
De quinze
em quinze minutos,
sai pela portinha,
cuco, o passarinho,
que canta e canta,
com graça, com susto,
um canto sem custo:
cuco, cuco!
O CUCO MALUCO
Nas férias de verão,
fui à casa do vovô.
Era boa a estação,
um bom sol, muito calor!
Pela janela do trem,
olhando a paisagem,
vi montes, árvores e bois,
foi linda, a viagem!
Assim que o trem chegou
e parou na estação,
vi vovô chegar sorrindo,
acenando-me a mão.
Ao chegar a sua casa,
pus-me, logo, à vontade,
e à noite me deitei
na maior tranqüilidade,
que durou um só minuto,
pois o cuco lá da sala,
pra meu susto e espanto,
acordou-me com seu canto!
E a cada quarto de hora,
pondo-se bem para fora:
- Cuco! Cuco! - ele gritava-
e sua voz me irritava...
O cuco era antigo
comprado em um leilão.
Vovô sempre cuidava
do cuco de estimação.
Falava com muito orgulho:
- Isto é uma antiguidade!
Eu sem nada entender,
escutava-o sem vontade!
E os dias se passando
e o cuco mais cantando,
dia e noite, noite e dia,
ai, meu Deus, que agonia!
Quanto mais ele cantava:
-Cuco! Cuco!
Mais nervosa, eu rimava:
- Maluco! Caduco!
Certo dia, já cansada,
de acordar de madrugada,
procurei martelo e prego,
subi, zonza, na escada!
Com o prego bem fininho,
tão de leve, com cuidado,
eu usei muito jeitinho,
e prendi logo o safado!
Suspirei aliviada,
quando a ave ficou presa!
Eu, por minha esperteza,
bati palmas:
- Que beleza!
Quando a tarde, enfim, chegou,
meu avô, entrando em casa,
estranhou que o bichinho,
estivesse caladinho
Foi soltando-o prontamente
e mostrou-se descontente!
Eu num canto, bem quieta,
fingi ser tão boa neta...
O que fiz foi muito feio,
trago ainda na memória,
mas, não tive outro meio,
de tirá-lo da história.
(E apesar de não dar certo,
consegui chegar bem perto!)
Mas, voltou o "esganiçado",
a cantar alegremente!
Zombava de mim, o danado,
repetindo estridente:
- Cuco! Cuco!
E eu mentalmente:
- Maluco! Caduco!
As férias acabaram-se,
eu precisava ir embora!
Já as malas todas fora,
como é triste essa hora!
Meu avô, emocionado,
foi chegando ao meu lado:
- Vou lhe dar, minha criança,
do vovô, uma lembrança...
Trazendo uma grande caixa,
fechada por larga faixa,
o vovô bem sorridente,
entregou-me o presente.
Abri-a muito devagar
o coração a palpitar!
Aí, percebi, de repente,
que vovô, ingenuamente,
deu-me o cuco de presente...
E, levando-o no trem,
eu sofri como ninguém,
era o cuco a gritar,
era o trem a apitar:
-PiuI...piuI...piuI...
-CucO! CucO! CucO!
-PiuI...piuI...
-CucO! CucO!
Maria da Graça Almeida
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