Como arquivo inesquecível das lembranças onde ficaram
Retidas as páginas que reenviam a lugares vividos
Em nossos tempos gloriosos
Mas estou feliz pois sou presença viva
No arraial da existência comunitária
Cercado de minhas criaturas
Pacíficas e vivas sem agressão
Aquelas criaturas que me dão as sensacionais impressões
De um mundo que me estrutura a consistência!
Estou feliz e te repenso como parte desta unidade dispersa
Que em mim se move
E que embala o claro canto de meu existir
Derramado algures, a gotas, por entre as coisas!
No átrio pomposo da existência
Ainda ouço o tom monocórdico da pomba
Arrulhando solitária sua eterna verdade
Nos sucessivos lances da monotonia
Sob o abrigo solar da luz do angico!
Há por aqui outras melodias,sutis e dinâmicas
Resolutas e sonantes, mais belas e mais musicais
Mas, melodia por melodia
Eu escolho a tua que é fundamental referência
De muitas raízes no seio da terra
Na dependência que de ti têm os frutos
De que nos alimentamos
No aconchego de tua brisa
De teu ar e de teu fôlego
Sei que irei ampliar a força de meus pulmões
Por entre espaços iluminados no fôlego restrito de um tempo que se esgotará!
Sentado junto ao jequitibá e ao embiruçu,
Recebo o apoio de todos os troncos e de todas as árvores floridas
Disparadas nos céus livres
Recebo o apoio dos pássaros animados que cantam em suas primaveras as transas da estação
Assisto ao espetáculo dos cantos e das vozes intermitentes que ecoam no ar cálido da amplidão
Onde outros cantos e outros chilros sintonizam notas multicores escondidas nos meandros de uma sinfonia que grita a nossos ouvidos o ato fundamental e enamorado de viver.