Pode parecer incrível. Mas é certo que o casal Collor prestou serviços inestimáveis ao país. Não vejo como negar. Em sua gestão os avanços do país foram inegáveis.
Se não, vejamos.
Primeiro nos livrou do sapo barbudo que naquela época era capaz de comer criancinhas e, pasmem, ia confiscar a poupança de nossos velhinhos. Depois declarou que nossos carros eram umas carroças. Se não a única, por certo foi a maior verdade que disse em seu curto reinado.
Mais tarde consolidou nossa iniciante democracia, sendo impedido. Sem golpe, com a posse do vice, congresso funcionando, sem atos de exceção. Coisa de primeiro mundo. Um luxo. Agora, quando tudo estava calmo, nova contribuição. Nossa querida ex-primeira-dama é condenada a onze anos de prisão em regime fechado. Convenhamos, isto é um avanço e tanto. Não só investigaram como julgaram e condenaram a operação.
Antes, nada acontecia. Agora já há condenações. Ainda que sejam inócuas, o avanço é inegável. Diz a Veja que ela está tranquila em Miami, embora triste.
Claro que tudo isto custou muito caro, mas poderia ser pior. PC, pelo que se diz, aumentou a comissão de 10% para 30%. Mas o que é isso perto de nosso querido e desaparecido Lalau que ficou com 70 e deixou (será?) 30%? É bem verdade que o vice foi aquele senhor de topete, que apreciava mulheres avançadas e agora faz manobras militares. Nossa primeira dama foi uma Imelda sem tantos sapatos, mas com muitas bolsas. Convenhamos, mais vale o conjunto bolsa e sapato combinando, do que ter mais sapatos que uma centopéia.
Eu sei que não vai acontecer (ela haverá de provar sua inocência e que tudo isto não passa de revanchismo político de quem teve interesses contrariados durante sua gestão), mas não posso deixar de imaginar como seria a cela da ilustre ex-presidenta da LBA. Toda rosa. Não um rosa choque carregado. Algo delicado. Um, vamos dizer assim, rosa básico, com listas em um tom ligeiramente mais escuro. De um lado da cela, prateleiras para acomodar bolsas e chinelos em cores variadas, permitindo variações que eliminem o tédio e a mesmice. De outro, fotos de Miami, saudade eterna do exílio dourado. Fotos da família, naturalmente. Como esquecer da família?
Outro dia li que vão lançar novos modelos de Barbie. Sugiro uma Barbie Jail, com aquele uniforme listado clássico e um chapeuzinho com detalhes bordados e uma margarida.
Escrito em 10.05.2000
Publicado na Seção Comentários do Cidade Virtual Brasília em 13.05.2000 |
