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Artigos-->MACHADO DE ASSIS: 100 ANOS DE HISTÓRIA -- 13/07/2008 - 21:12 (Academia Passo-Fundense de Letras) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MACHADO DE ASSIS: 100 ANOS DE HISTÓRIA



No dia 27 de agosto de 2007, dentro das programações do 2º Encontro Nacional da Academia Brasileira de Letras, parte integrante da 12ª Jornada Nacional de Literatura, a Academia Passo-Fundense de Letras, recebeu uma representação da Academia Brasileira de Letras. Integravam-na o presidente da Casa de Machado de Assis, Marcos Vinicios Villaça, o secretário-geral, Domício Proença Filho, que se fazia acompanhar de sua esposa, a passo-fundense Rejane, além do secretário daquele sodalício.

Na oportunidade o presidente da Academia Brasileira de Letras fez um convite aos acadêmicos passo-fundenses. O NACIONAL do dia seguinte assim noticiava o fato: “Durante o encontro, Villaça convidou os imortais da Academia Passo-Fundense de Letras a integrar, juntamente com a ABL, as atividades do centenário da morte de Machado de Assis, que acontece no próximo ano. “Gostaria que a academia promovesse algo para dar ao país a notícia de que Passo Fundo está atenta ao grande, ao maior de todos os nossos escritores, no centenário de sua morte”, frisa Vilaça. Na oportunidade, o presidente da ABL anunciou que irá encaminhar à Academia Passo-Fundense de Letras 500 volumes das diversas edições da Academia Brasileira de Letras”.

A convite da professora Tânia Rösing, coordenadora das Jornadas Nacionais de Literatura, acompanhei os acadêmicos da Casa de Machado de Assis, durante o 2º Encontro Nacional da Academia Brasileira de Letras: Revisitando os Clássicos II. Testemunhei a admiração do presidente e do secretário geral daquela centenária instituição pelo trabalho da nossa Academia e a beleza do nosso prédio que, inclusive, serviu de baluarte para a resistência oficial ao semicerco de Passo Fundo, durante a Revolução de 23.

O chamamento de Marcos Antonio Villaça calou fundo nos corações dos confrades. No dia 21 de outubro o acadêmico Alberto Antonio Rebonatto propôs que realizássemos um concurso entre alunos do Ensino Médio de Passo Fundo, sobre Machado de Assis, que por sinal é seu patrono. A proposição foi aceita por unanimidade e recordo-me muito bem que propus a formação de uma Comissão, nos termos do Estatuto, para levar avante a idéia.

Escolheu-se uma comissão constituída pelos acadêmicos Alberto Antonio Rebonatto, Dilse Piccin Corteze, Elizabeth Souza Ferreira, Gilberto Cunha, Jurema Carpes do Valle, Paulo Monteiro, Santina Rodrigues Dal Paz e Welci Nascimento. Como propositor, Alberto Antonio Rebonato, unanimemente, seguindo uma tradição acadêmica, acabou designado responsável pela coordenação do grupo de trabalho.

Como então vice-presidente da Academia e integrante da Comissão, acompanhei o esforço de todos os confrades, mormente de Alberto, que encarou a responsabilidade como uma verdadeira missão. Elaborou um documento intitulado “PROJETO LITERÁRIO DA ACADEMIA PASSO-FUNDENSE DE LETRAS DESTINADO ÀS ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO DE PASSO FUNDO”, que aprovado pelos acadêmicos e acabou sendo a carta náutica de nossas atividades. Apresentado à equipe especializada da 7ª Coordenadoria Regional de Educação o documento foi aceito por aquele órgão responsável pela direção da educação no município e na região, ofereceu todo o apoio à iniciativa acadêmica.

Em 29 de dezembro de 2007 tomei posse na presidência da Academia Passo-Fundense de Letras. Estávamos no período das férias escolares, devidamente apetrechados para dar continuidade ao Projeto no início do ano letivo de 2008. E foi o que aconteceu.

Uma de minhas propostas à frente da Academia é valorizar o trabalho das Comissões. Parlamentarista desde o berço, procuro portar-me como um chefe de gabinete, onde cada acadêmico tenha o status de ministro. A Comissão, sob o comando do seu coordenador, já nas primeiras semanas de aula, em março de 2008, atirou-se à faina junto às escolas de Ensino Médio, armada com o Regulamento do concurso MACHADO DE ASSIS – 100 ANOS DE HISTÓRIA. Alberto, Dilse, Elizabeth, Gilberto, Jurema, Santina e Welci foram incansáveis. Partiram para o corpo-a-corpo. Visitaram escolas, conversaram com professores, estiveram nos órgãos de imprensa. Praticaram a emulação. E vencemos.

Em meio ao mais intenso dos trabalhos o acadêmico Alberto Antonio Rebonatto precisou licenciar-se, para tratar assuntos imperiosos, no Ceará. Passou a coordenação da Comissão para a acadêmica Dilse Piccin Corteze.

No dia 28 de junho de 2008, conforme a alínea “c”, do Art. 6º, do Regulamento, contabilizamos nove participantes, todos eles alunos de Ensino Médio. Foram os seguintes os textos recebidos:

Breve Comentário, de Ayheza Fontoura de Baldo e Carneiro, da Escola Estadual de Ensino Médio Ana Luisa Ferrão Teixeira, orientada pela professora Ângela Luft;

Machado de Assis: 100 anos de história, de Bruna Fernanda Suptitz, da Escola Estadual de Educação Básica Nicolau de Araújo Vergueiro, orientada pela professora Mariana Kotelinski;

Machado de Assis ainda vive..., de Débora De Marco Machado, da Escola Estadual de Ensino Médio Protásio Alves, coordenada pela professora Adriana dos Santos;

Caminho dos Arbustos, de Renata Augustin, do Colégio Marista Conceição, orientada pela professora Patrícia Stein Graeff;

Orgulho Nacional, de Júlia Luvisa Gauer, da Escola de Ensino Médio Garra, orientada pelo aluno Fábio Aroque Candaten;

Resenha da obra “Dom Casmurro” de Machado de Assis, de Diego Pinheiro Dias, da Escola Estadual de Ensino Fundamental Paulo Freire, orientado pela professora Vera Lúcia Verzegnazzi;

Resenha do conto “A Cartomante” de Machado de Assis, de Jaderson Tibola da Silva, da Escola Estadual de Ensino Fundamental Paulo Freire, orientado pela professora Vera Lúcia Verzegnazzi;

Resenha da obra “Dom Casmurro” de Machado de Assis, de Alison Vinicius Cardoso, da Escola Estadual de Ensino Fundamental Paulo Freire, orientado pela professora Vera Lúcia Verzegnazzi;

Um gênio inigualável, de Cristian Teixeira Marques, da Escola Estadual de Ensino Médio Antonino Xavier e Oliveira, orientado pela professora Santa F. Fontana Soares;

Já no domingo, 29 de junho, reuniu-se a comissão julgadora constituída pelas acadêmicas Helena Rotta de Camargo, professora de Português e revisora, Elizabeth Souza Ferreira, licenciada e História, Dilse Pecin Corteze, mestra em História, e Terezinha Bule, professora de Literatura e Português. Durante várias horas as julgadoras leram todos os trabalhos concorrentes, discutindo os mais diversos aspectos, decidindo pela escolha dos três trabalhos vencedores.

O primeiro colado foi Machado de Assis ainda vive..., de Débora De Marco Machado; em segundo lugar ficou Caminho dos Arbustos, de Renata Augustin, e, na terceira colocação Orgulho Nacional, de Júlia Luvisa Gauer.

Acompanhei o trabalho da Comissão Julgadora, na qualidade de mero observador, e testemunho o grau de dificuldade enfrentado para a seleção. Testemunho, também, a seriedade com que se dedicaram à missão.

Apesar de o Regulamento prever a divulgação do resultado na segunda-feira, dia 30, a Comissão Julgadora, em conjunto com o presidente da Academia, decidiram postergar o prazo dessa publicação para uma segunda conferência dos trabalhos.

Na reunião costumeira dos sábados, realizada no dia 12 de julho, os acadêmicos decidiram que a sessão solene de premiação dos vencedores e diplomação dos participantes será realizada na sede da Academia, a 13 de agosto de 2008, com início às 19 horas e 30 minutos. Por uma dessas felizes coincidências, enquanto estávamos reunidos, recebemos Sedex do presidente da Academia Brasileira de Letras, acadêmico Cícero Sandroni, comunicando a data em que a Casa de Machado de Assis receberá a representação da Academia Passo-Fundense de Letras, a aluna vencedora e sua professora. Será na quinta-feira, 25 de setembro. E mais: o convite para que os visitantes participem do “célebre chá das 5”, ao lado dos imortais brasileiros.

O sucesso do concurso “MACHADO DE ASSIS – 100 ANOS DE HISTÓRIA” deve-se ao empenho de todos, mas absolutamente todos os acadêmicos; à colaboração da 7ª Coordenadoria Regional de Educação, também como um todo, e da direção, professores, funcionários e alunos de Ensino Médio das escolas envolvidas. A contribuição dos meios de comunicação social de Passo Fundo foi indispensável. Essa conjugação de esforços foi a responsável maior para que o concurso tivesse chegado a bom termo.

Passo Fundo, 13 de julho de 2008.



Paulo Monteiro – presidente da

Academia Passo-Fundense de Letras





Trabalhos premiados no concurso Machado de Assis – 100 Anos de História, promovido pela Academia Passo-Fundense de Letras



1º lugar

Machado de Assis ainda vive...



Débora De Marco Machado (*)



Médico, político, Sacerdote, advogado. Machado de Assis há mais de cem anos vem nos encantando com seus vários personagens. Personagens que fizeram parte encantaram e intrigaram vidas que já se foram; personagens que intrigam e encantam nossas vidas com seu saber, que sempre traz consigo, um pouquinho de cada um de nós.

Machado de Assis que já se foi há cem anos, mas que parece nos ter conhecido quando, lá no longínquo passado em seus romances, em suas crônicas, em seus contos inseriu de forma muito real os nossos sentimentos, que no fundo são o que de mais valioso possuímos. Ele deixava-nos por vezes emocionados (com um amor que não deu certo ou com algo que não saiu como planejado), risonhos quando vemos que aquelas simples linhas estão vivas na nossa história, reflexivos quando nos indagava ou quando ironizava sobre algum assunto.

Depois de muito viajar por algumas de suas obras, Machado me fez acreditar que mais adiante as pessoas vão ser substituídas por robôs assim como os cavalos, aos poucos foram sendo substituídos pelos “bonds elétricos”. E você, como eu, caro leitor, não tenha, uma idéia fixa sobre isso, vá além! Quem sabe você não muda o rumo das coisas?! Pois é exatamente assim que eu me sinto, com uma imensa vontade de dar outro rumo para tantos acontecimentos, e, li apenas duas ou três de suas maravilhosas obras. E aqui quero gritar aos meus professores e aos professores do meu querido Brasil, não nos deixem “morrer” sem esse diálogo machadiano porque ele é provocativo, transformador.

Um grande futuro há de ter, aquele que tem conhecimento, que toma iniciativa das coisas, que apesar das dificuldades não se acomoda, pois tem em mente que um não, não é o fim do mundo e está ciente de que não vale a pena desistir, pois se existem portas que se fecham, sempre têm outras que se abrem, basta que corramos atrás dos nossos ideais.

Muitas pessoas com 16 anos, querem ter 18 e as que têm 18 querem voltar a ter 10, mas, pra que pular os capítulos da nossa vida?! Vamos viver intensamente, tendo claro que só nos arrependemos daquilo que NÃO fazemos. Você já parou pra pensar que quem tem 18 e quer voltar aos 10, são pessoas que não aproveitaram o máximo dos seus 10 anos? Creia, crie VIVA! Não viva a vida pela metade, não pule nenhum capítulo dela, viva-a intensamente! Muitos já me disseram isso, mas como leitora de Machado eu comecei a viver isso, e, estou achando fantástico.

O Mundo está se perdendo, está se ligando cada vez mais ao materialismo, ao dinheiro, ao egoísmo, à ambição e esquece que a única coisa, que vai conosco quando “morremos” é a nossa alma. A vida é passageira, rápida demais e não temos tempo para lembrar disso, mas temos tempo suficiente para esquecer deste pequeno detalhe...

No decorrer de minhas leituras, cheguei a discordar de algumas, aliás, de várias coisas, como, por exemplo, achei errado quando Machado citou em um de seus livros que “com o tempo as coisas caem no esquecimento”; discordei, pois imaginei que na época dele as coisas não eram tão passageiras e tão descartáveis como são agora, nos ditos tempos modernos, e, fiquei a me perguntar seriam assim também as coisas naquela época? Ou será que ele foi tão brilhante que o seu “coração” teria feito uma viagem aos nossos dias e teria “visto” como vivemos hoje? Sim com o seu coração, porque Machado não escrevia com a mente, o fazia com o coração. Mas, se nos reportarmos a seus escritos teremos bem claro, que a “teoria do medalhão” não deve se sobrepor ao encontro com o nosso verdadeiro eu, tão esquecido e tão abandonado como já acontecia na nossa sociedade que teve o prazer, de abrigar tão ilustre pessoa como Joaquim Maria Machado de Assis.

(*) Débora de Marco Machado, tem 17 anos e é aluna do 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Médio Protásio Alves, tendo sido orientada pela professora Adriana dos Santos.

2º lugar

Caminho dos Arbustos



Renata Augustin (*)



Em um lugar muito distante com uma paisagem diferente daquela que se costuma ver, havia uma alma perdida em seus pensamentos, pesada e com vontade de desabafar. Seu nome era Brás Cubas, intitulado “O defunto autor”, o grande narrador de sua história de vida, criada pelo brilhante Machado de Assis.

Pois bem, estava ele andando por um caminho rodeado de arbustos, absorto em seus pensamentos e dúvidas, com a face pálida, magra e deprimida, exatamente como havia morrido. Enquanto ele andava, outra alma o seguia pela escuridão dos arbustos, seu rosto era visível, mas mesmo com toda a escuridão, percebiam-se as voluptuosas curvas de uma mulher. De repente, Brás vê o vulto, se assusta e cai, então a bela alma salta por de trás da folhagem mostrando seu rosto delicado e decidido, ela corre em direção a Brás para ajudá-lo a levantar-se, mas no ímpeto de seu orgulho ele não aceita a nobre ajuda. Por um instante, ambos fitaram-se, como se estudassem o adversário, apenas esperando o próximo passo. Sentindo-se rendido pela beleza e graça, ele decide tomar a iniciativa e com um cordial gesto se apresenta:

– Meu nome é Brás Cubas e estou honrado por estar perto de sua exuberante beleza, que irradia alegria em meu coração.

Mas a alma se mostrou firme aos galanteios de Brás e continuou calada. Contudo, ele estava há muito tempo procurando por alguém nesse lugar distante e como nunca havia encontrado, sentiu que não podia perder a única companhia que surgira. Então ele fez outra investida contra a alma:

– A senhora poderia me conceder a honra de saber sua graça?

– Capitolina. Mas pode me chamar de Capitu. Como era conhecida em vida.

Brás Cubas ficou surpreso ao receber a resposta e assim decide ganhar a confiança de Capitu contando sua história.

– Desde pequeno, sempre fui um menino mimado e travesso, mesmo depois de crescido continuei aprontando e me divertindo às custas de outros. Talvez seja por isso que vago neste lugar onde somos obrigados a passar a eternidade sem ninguém, simples almas penadas, solitárias e carentes de afeto e atenção.

Capitu apenas continuou escutando com indiferença, embora se pudesse notar que seus decididos olhos firmes, mesmo que por uma fração de segundos, demonstravam certa compaixão por aquela alma sedenta de atenção. Assim, Brás continuou falando:

– Tive um caso com uma mulher casada, embora eu a amasse e ela correspondesse, vivíamos um amor fugitivo, sempre nos escondendo. Mesmo tendo potencial, não aproveitei e não consegui conquistar meus mais profundos sonhos. Não alcancei a celebridade, não me casei, não fui ministro e não tive filhos. Uma vez até tentei inventar um emplastro milagroso, intitulado anti-hipocondríaco, para aliviar a melancolia da humanidade, o qual tinha como real motivo ver meu nome estampado nas embalagens e em todas as lojas do Rio de Janeiro.

Ao final da história, Capitu continuava indiferente e isso surpreendeu Brás. Então num ímpeto o mesmo questiona, como se quisesse suprir uma necessidade da alma:

– Por que está aqui? O que fez de errado para estar em um lugar como este, onde apenas as almas pecadoras passeiam?

Ela não sentiu surpresa pela natureza da pergunta, mostrou a Brás seus belíssimos “olhos de ressaca” e olhando-o fundo respondeu com ar dissimulado:

– Traí meu marido. Tive um caso com o melhor amigo dele, Escobar, gerando um fruto proibido: meu filho Ezequiel. Sustentei uma mentira por toda minha vida e no único momento em que tive chance de revelar meu maior e mais pecaminoso segredo, o medo e a vergonha tomaram conta de minha consciência! Bento, meu pobre marido, ainda carrega a dúvida da paternidade, vivendo casmurro e triste, questionando-se a meu respeito, sem saber se o traí ou se não passava apenas de ciúme conjugal. Veja bem, enganei um filho e perdi a confiança da única pessoa que me amou verdadeiramente em vida, eis o meu grande erro, o meu pecado, merecimento por estar nesse lugar.

As duas almas se entreolharam sentindo alívio e compaixão. Eles sabiam que mesmo nesse ambiente onde se respira solidão, eles teriam o conforto que poucos têm no mundo, um ombro amigo. Após uma longa jornada pelo caminho dos arbustos, as almas de Brás e Capitu foram envoltas por uma neblina suave e um ar de orvalho. Aos poucos a neblina foi engolindo as almas, enquanto estas se tornaram apenas vultos e logo desapareceram.

(*) Renata Augustin, tem 16 anos, e é aluna do Colégio Marista Conceição. Foi orientada pela professora Patrícia Stein Graeff.



3º lugar

Orgulho Nacional



Júlia Luvisa Gauer (*)



“Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela. Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro”. Este fragmento de Senhora, de José de Alencar, encaixa-se plenamente ao surgimento do mais notável escritor brasileiro: Joaquim Maria Machado de Assis. E foi em 21 de junho de 1839 que essa estrela nasceu. Filho de pai mestiço e mãe lavadeira açoriana, parecia não haver chance para o menino de saúde frágil, mulato, epilético e gago. Ele, porém, veio a surpreender a todos com seu singular talento.

Machadinho, para os íntimos, aos 12 anos de idade torna-se órfão de pai e mãe, sendo criado por Maria Inês, sua madrasta. Ela então, o matricula em uma escola pública, única que freqüentou. Autodidata e sedento por conhecimento, aprende francês e publica seu primeiro trabalho literário aos 16 anos, o poema “Ela”. Com 17, passa a trabalhar como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Nacional. É onde conhece Manuel Antônio de Almeida, diretor da tipografia e pessoa que incentivou Machado à carreira literária. Em 1858, passa a trabalhar como revisor e colaborador da revista Marmota Fluminense, onde cria seu mais influente círculo de amizades, do qual fazem parte Joaquim Manoel de Macedo, José de Alencar, Gonçalves Dias e, é claro, Manoel Antônio de Almeida. Desde então, passa a publicar obras românticas, sendo Crisálidas a primeira. Em 1869 casa-se com Carolina Augusta Xavier de Novais, durando o matrimônio 35 anos, que apesar de feliz, não gera nenhum herdeiro. É ela quem lhe apresenta os clássicos portugueses e a vários autores ingleses. Nesse ponto, o escritor já era considerado bem sucedido na literatura e possuidor de um seguro cargo público. Em 1887, Machado funda e se torna primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, permanecendo no cargo até sua morte.

Sua obra pode ser dividida em dois momentos. A primeira é onde ele publica suas obras de influência romântica: romances, contos e poesias. Apesar das aparências, Machado não se sentia satisfeito, pois sua lucidez, mente fervilhante e questionamento do mundo o deixavam inquieto. Intoxicado pela desilusão e o pessimismo europeus, passa a escrever com ironia e humor inteligentes, iniciando a segunda fase, de caráter realista, a qual o consagra o gênio da literatura brasileira. Publica em 1881 uma obra completamente original e diferente dos padrões da época: Memórias Póstumas de Brás Cubas, onde um defunto narra sua história e vangloria-se por não ter deixado filhos. Em seguida, publica Quincas Borba e Dom Casmurro, outras famosas obras suas. Essa, mostra a ingenuidade do homem quando se apaixona, e, ironiza as teorias da época, principalmente o positivismo. Aquela, talvez seja a mais instigante. Até hoje não se sabe se Capitu, uma das protagonistas, traiu seu marido Bentinho com o melhor amigo, Escobar. Nem mesmo estudiosos de Machado de Assis conseguem desvendar esse mistério, apenas confirmando sua genialidade. Aliás, as mulheres de Machado possuem uma área de mistério e dissimulação. Conscientes de seus poderes sobre os homens, seduzem-nos para conseguir o que querem: fugir de suas tediosas rotinas ou de matrimônios arruinados. Isso pode ser notado explicitamente em D. Conceição, de Missa do Galo; D. Severina, de Uns braços, e em Sofia, de Quincas Borba. No geral, o casamento em si representa uma instituição falida em suas histórias.

Cosmopolita, reservado e cínico, o escritor preferiu escrever realizando uma análise profunda do ser humano, salientando suas vontades, defeitos e vaidades. Assim como em seu conto O Espelho, o gênio parecia possuir duas almas, a externa e a interna. A externa gostava do júbilo que recebia por sua fama e o fazia parecer sereno e pacato. Porém, sua alma interna era como lava incandescente, fazendo-o questionar o ser humano e o mundo a sua volta. Acostumado a disfarçar suas emoções desde jovem, utiliza tal característica em suas obras, não deixando o leitor se envolver ou criar laços afetivos com seus personagens através de sua narrativa. A todo o momento interrompe a história para falar e instigar seu leitor. Também trata dos temas universais em suas histórias, como a confusão de sentimentos, jogos de interesses, inveja, ciúmes e hipocrisia.

Machado de Assis morre de câncer no Rio de Janeiro em 1908, deixando muitos admiradores. Sua história ainda contraria a tese defendida pelo naturalismo, que afirmava o homem estar submetido ao meio. O gênio é um grande exemplo de vida, pois sua origem humilde não o impediu de ganhar o mundo e tornar-se uma das mais brilhantes estrelas da Literatura Mundial.

(*) Júlia Luvisa Gauer, tem 16 anos, e cursa o 3º ano do Ensino Médio, na Escola de Ensino Médio Garra, sendo orientada pelo professor Fábio Aroque Candaten.







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