Nas Cachoeiras da Vida
Paulo Nunes Batista*
Nas cachoeiras da vida
Sempre vim me despenhando-
Águas correntes, rolando
Em busca do mar-sem-fim...
Um sonhador iludido
Nas cachoeiras da vida-
Buscando essa Ilha Perdida
Que eu mesmo carrego em mim!
Águas Mágoas do Tormento
Da vida nas cachoeiras,
Caindo nas corredeiras
Em soluços, a rolar...
Águas magoadas, sofridas
Atravessadas de Pranto
Buscando essa Ilha do encanto
Que eu mesmo levo em meu Mar!...
Nas cachoeiras da vida
Águas revoltas, ferozes,
Cheias das Dores atrozes
Do rio que se perdeu...
Um rio que às vezes seca,
Dentro da terra se some,
Mas... sempre volta, com Fome
Do oceano, que sou eu!
Nas quedas d’agua, nos Saltos,
Nas Torrentes pavorosas,
Nas águas vertiginosas
Eu vou rolando, a cair...
Nas Cachoeiras da vida
Sou essas Medonhas Águas
Atravessadas de Mágoas
Indo... sem saber pronde ir...
Águas, que foram, algum dia,
Cantigas claras de fontes,
Ribeiros rodeando montes
Sempre a rolar...a correr...
Pra transformarem-se em rios
Caudalosos e profundos
Trazendo as Dores dos Mundos
Nos recessos do meu Ser!
Batendo nas duras pedras
No escuro das Virgens Matas,
Com saudade das cascatas
Que também foram, pra trás...
Sou essas Águas fugindo
Nas Cachoeiras da Vida,
Buscando a paz Perseguida
No seu Destino sem Paz!...
Sou essas Águas...sou essas
Águas Lágrimas cantantes,
Lamentosas, soluçantes
Na Corrida e na Descida
Em que no Rio do Tempo
Me retrato e me desenho,
Me desencontro e despenho
Nas Cachoeiras da Vida!...
Anápolis, 04/08/1992.
(*) Já se encontram seus dados biográficos noutros poemas, cordéis e trabalhos anteriormente publicados, de sua autoria, no meu espaço: Maria do Socorro Xavier: usina de letras.
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