seria certo dizer
antes senão que quando
coberto de lama a correr
teus olhos melam desmando
se tu te chamas horror
tua força é o medo da dor
minha voz limpa os ares
inflando velas aos mares
lançando meu barco a vapor
mesmo sendo saliente
repetindo flores e cores
meu lema é mais contente
quando rima tente com gente
se ainda insiste em andar
pela rua com ar de doutor
saiba que o calo do azar
racha mesmo ao pé do horror
mario caiu de manhã
rolando sobre o tapete
cortou a febre malsã
com remédio de dor de dente
saiu de casa apressado
cortando as ruas ao léu
sem voz, seguiu calado
a morte estendia seu véu
não sabia Mario do mundo
do destino traçado antigo
sua vida era um fundo
longe do olhar meu amigo
Quando três horas bateu
e o rio alargou mais o mar
a missa do galo gemeu
ao som da faca a crispar
a carne abriu como louca
gritando o sangue do lar
era Júlia quem se matava
pois Mãrio tardava a voltar
Foi o vento quem me impediu
de dizer onde eu estava
se agora perco meu brio
é pelo horror que a alam me lava
vou me embora, não volto mais
aqui meu suor é maldito
despeço-me deste cais
a saudade se torna meu rito
o horror venceu o amor
e a rima mais pobre ficou
perdeu todo tipo de cor
tornou frio o que me restou