OS PECADOS DA TRIBO (5)
Roteiro de Coelho De Moraes, sobre a obra de José J. Veiga
Personagens: O Herói (H), Rudêncio (R), Consulesa (Ca), Cônsul (C), Pessoa (P), Pessoa 2 (P2), grupo de festeiros, Mamãe (M), Zulta (Z), Edualdo (E)
CENA 7
(Manhã. H está etiquetando uns achados. Z aparece de chapéu de palha e foice na mão. Joga tudo de um lado. Está com ar de choro).
Z: Você é bom irmão?
H: Como é que eu vou saber? Eu não sou meu irmão. Quem pode dizer é você.
Z: É mesmo, não é? Então você quer ser um bom irmão?
H: Não tenho sido?
Z: Não vamos de ontem. Vamos falar de hoje.
H: Fale.
Z: Quer dar um jeito em Edualdo?
H: Como dar um jeito?
Z: Como Rudêncio fez com aquele Arugua que trabalhava aqui.
H: Pensei que esse assunto estivesse enterrado para sempre. Não foi isso que combinamos?
Z: Quer dizer que não quer.
H: Não. (ela sai parecendo conformada. H mantém seu trabalho. Aí nota que alguém chega. Edualdo com um pote no ombro).
E: Ôla! Alguéns? (deposita o porte no chão)
H: Entra, Edualdo.
E: O tempo ta bom, né?
H: Ta, ta muito bom. (pausa. E cisca o chão, olha para os lados)
E: E Zulta? Está? (H grita para dentro da casa).
H: Zulta. Visita!
E: (sorriso amarelo) Tivemos um pega lá em casa.
H: Calculei.
E: Ela está muito com raiva?
H: Você vai ver.
E: Quer um pouco de vinho? (H nega e se mantém no trabalho) É uma reserva especial.
H: Noutra ocasião. Estou em pleno trabalho. Tenho que etiquetar essas coisas que as crianças trouxeram para o Armazém Proibido. Estou até atrasado. (H apanha o pote e vai ver Z, lá dentro) Zulta. (ela está cozinhando um caldo verde. A coisa solta uma faça preta estranha. H volta) Ela está fazendo uma beberagem para minha mãe. Está um pouco doente, a velha. Mas, fala aí... como é que vai a colheita de ruibarbos?
E: Ta boa.
H: E a venda de vinho. As árvores caneleiras?
E: (nervoso) Tudo bom. Tudo bom. (entra Z, com cara de anjo. Eles se encontram e encostam as testas. H sorri e se prepara para sair)
H: Vou até o poço e vocês se comportem... desencostem essas testas pois é indencente, isso... ( sai. Vai para o poço, de longe o vemos. Primeiro plano Z faz E sentar-se. H pega da água e de repente tem um estalo. Flashs com Z fazendo a tal sopa.. Enquanto E leva a cumbuca com soipa para a boca) Perái Edualdo. Perái! Vamos tomar uma canilha primeiro, homem ( e esbarra nele derrubando a cumbuca).
Z: (braba) Vou buscar outro. ( e sai. Nisso uma galinha toma um pouco da sopa e morre na frente deles. E olhou pra H, arregalou os olhos, e sumiu, ao mesmo momento que Z está retornando. Fechando alternativamente no rosto de H e Z ).
