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Cartas-->15. GERALDO -- 03/08/2002 - 09:12 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Normalmente, os seres que se apresentam para os ditados chegam muito temerosos ou desassossegados. É que se assustam facilmente com a possibilidade de fracasso, embora tenham estudado a história das realizações dos médiuns e saibam muito bem do que são capazes, em função
das mensagens a serem transmitidas.

Eu mesmo não tive sossego, enquanto não presenciei imensa série de eventos dessa natureza, com diversos companheiros, em muitos centros espíritas, onde fui adaptando-me ao trabalho, primeiramente no sentido da percepção de como se dão as transmissões do ponto de vista técnico, depois na ajuda da preparação e da sustentação fluídica ou magnética, até chegar a passar diversos textos menores, recheados de conhecimentos diretamente extraídos do evangelho e de outras obras consagradas do Espiritismo.

Pela primeira vez, estou tendo a oportunidade de falar a respeito de minha experiência existencial, com o duplo objetivo de avançar no cumprimento do programa escolar e para ajudar na elaboração de compêndio de esclarecimentos úteis, em relação a diversos aspectos em que se podem encontrar as pessoas falecidas em plena juventude.

O preâmbulo servirá para elucidações posteriores, à vista das atividades como encarnado.

Amanheci, no etéreo, após ter vivido quinze anos. Apesar disso, não posso dizer que não tenha tido oportunidade de me considerar quase adulto, tantas e tão variadas foram as experiências de vida, tendo, inclusive, casado, prematuramente, é claro, e visto nascer rechonchuda criança, meu filho da época dos amores clandestinos.

De pais espíritas, não tive dificuldades em compreender a doutrina, que me foi ensinada desde a mais tenra idade. Quando apareci com a novidade da gravidez da colega e namorada, ninguém me recriminou. Surpreendi, é verdade, mamãe chorando escondida, mas dei-lhe o meu afeto, pois entendi que me houvera feito inúmeros planos, os quais poderiam ficar prejudicados, ao assumir as graves responsabilidades do casamento.

A minha morte foi estúpida, brutal e não provocada. Estava voltando do trabalho, em ônibus apinhado, quando anunciaram assalto. Ninguém reagiu, mas os indivíduos estavam dopados e entenderam que estavam sendo desrespeitados. Deram três tiros a esmo, absolutamente ao acaso, dois dos quais me atingiram mortalmente. Morri em seguida, sem tempo para qualquer ajuda médica.

Atualmente, estou buscando entender a psique das pessoas alucinadas pelos vícios, que se expõem a toda espécie de crime para a satisfação dos sentidos. Devo dizer que não adiantei muito nesse encaminhar dos estudos, mais preocupado em dar assistência aos familiares, que desejam entrar em contacto comigo.

Como disse acima, tenho buscado entender os processos da mecânica mediúnica mas não tenho logrado sucesso, no sentido de obter alvará dos que me protegem para a comunicação direta aos progenitores. Como não quero precipitar a hora mais oportuna, vou levando a existência com extrema dedicação aos estudos, compreendendo que razões devam existir, para que não me seja dada a regalia.

Da minha parte, não tenho colocado obstáculos morais, tanto que um dos desafetos (hesito em empregar esse termo, pois não reconheço nos assassinos ninguém dos antigos relacionamentos) já foi encaminhado para o Umbral, onde fui visitá-lo diversas vezes, para lhe passar a impressão de que não me deve nada, ou, ao menos, de que nada lhe vou cobrar, deixando o débito por conta da divina justiça.

Esses indivíduos receberam incondicional perdão de meus pais e de minha sofrida esposa, que, até hoje, passados três anos dos trágicos eventos, não se recuperou para a vida dos relacionamentos afetivos, a não ser nos cuidados com que trata do filhinho, cada dia mais esperto e mais parecido com minha antiga estrutura física.

Meu maior medo é de que o assassinato estúpido do pai possa refletir-se de maneira por demais onerosa para a frágil criatura, quando adquirir consciência da maldade que lhe fizeram. Tenho feito considerável esforço para me encontrar com pessoas nas condições do petiz, para não lhe permitir considerar os inimigos sociais como seres necessitados de corretivos físicos, tão-somente. Ou, o que é bem pior, de sofrimentos originados no espírito de vingança, na consideração de que a justiça deva ser humana e não divina.

Como gostaria de passar a filosofia espírita, mais ainda, cristã, aos corações dos homens, para lhes evidenciar o quanto é superior a atitude gerada pelo amor ao Pai, em primeiro lugar, e a todas as pessoas, indiscriminadamente, depois!

Estou impedido de ir mais longe neste tipo de considerações, para o que recomendo a leitura de Allan Kardec e das obras que a incansável pena do Médium de Uberaba, o querido Francisco Cândido Xavier, há quase setenta anos vem assinalando. Admira-me no bom velhinho a facilidade com que percebe a identidade de muitos mensageiros despreparados mas absolutamente envolvidos com os parentes queridos, a ponto de elaborarem comunicações pessoais de muito conforto e de muita luz evangélica.

Quando me propus a ir procurá-lo, José me perguntou se a iniciativa iria fazer crescer a fé espírita dos familiares. A pergunta era insidiosa e me remeteu a considerações sobre a convicção que os verdadeiros espíritas devem demonstrar, sem exigências de ordem pessoal, uma vez que a organização vital independe dessa correspondência, na consecução de todos os objetivos da encarnação.

Fui obrigado a reconhecer que meus pais não precisam deste tipo de informação, tão preparados intelectual e sentimentalmente deveriam estar. Se houve açodamento para esse tipo de contacto, isso se deu também da minha parte, ávido por confirmar todas as noções superiores que me foram passadas, desde que me conheci por gente.

Quanto à esposa, Olga, desde logo entendi que não deveria assediá-la com extremos de ternura, para dar-lhe oportunidade de crescer nas experiências da vida. É lógico que, nos primeiros tempos, estive imerso em lágrimas pungentes, arreliando a idade prematura do desencarne. Mas os protetores e, posteriormente, o Mestre José me fizeram ver que quem ama não prejudica. Futuramente, se estiver em condições de socorrer o filhinho e a esposa, em momentos de aflição, isento emocionalmente para a condução equilibrada dos fluidos cósmicos, poderão contar comigo.

Faço questão de registrar a disposição de pôr-me a serviço do bem e do amor, pois, assim, os leitores poderão avaliar como é que os espíritos se organizam para a assistência mais valiosa, de acordo com os resultados visados pelos beneméritos guardiães individuais ou familiares.

De maneira geral, hei de convidar a todos para as preces em prol dos que perderam parentes e amigos em golpes do destino, sem provocação e sem objetivos espirituais. O que se faz melhor no etéreo, segundo o que me foi dado presenciar, é o aproveitamento do trágico, para reverter em ensinamento evangélico da melhor categoria.

Eu mesmo me considero fruto desse labor elevado dos protetores e colegas, tanto que me deram a incumbência de falar sobre o tema, para esclarecimento dos mais preconceituosos, pois muitos espíritas existem que falam em tragédias, quando a morte apenas resulta da própria condição da vida. Num momento se está encarnado; no seguinte, na companhia dos espíritos amigos. Não seria bom se sempre fosse assim? O trágico, aí sim, está na desesperação, nas trevas, na lamentação, no choro convulso, como se a obra de Deus merecesse reparos.

Oh! Como gostaria de me fazer entendido por todos!

Obrigado, amigos. Fiquem com Deus!

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