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cronicas-->Contemplação de Camponesa -- 20/05/2000 - 01:01 (Rodrigo Teles Calado) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Oh! Jovem camponesa bonita do interior, de pele morena queimada do sol, cabelos pretos e esvoaçantes, de mãos grosssas e feição angelical, de olhos claros e hipinotizantes - seu calor, sua formusura, sua tenacidade, sua simplicidade, me faz admirar a sua beleza. Levanta-se cedo pelo càntico melancólico e orquestrado da passarada. Debruçada na janela de sua pequena morada, escondida no meio da mata sombria, longe de tudo e de todos, indiferente do que acontece na cidade grande; sem maldades, sem maiores ambições, observa atentamente o esplendor da natureza.

O vaqueiro já está no curral puxando as tetas de uma vaca magricela que não tem leite para amamentar se quer um bezerro, que há quinze dias nasceu, fraco e combalido. Seu olhar fica atento para mimoso um pequeno borrego enjeitado que criara desde pequeno, órfão de nascimento, que cedo adotou uma nova família.

Seu sorriso irradiante nos contagia; sofredora, solitária, não se maldiz, olha demoradamente a caatinga seca e retorcida carente de chuvas que há tempos não vêm; a sua formusura contrasta com a fealdade do quadro dantesco pintado no sertão. O vento sopra fortemente a janela da camponesa. Logo ela se afasta, trata-se de redemoinho que está passando no terreiro da casa. Retorna ao local de origem, cotovelos fixos na janela, mãos dadas ao rosto, acompanha a caminhada de um sertanejo a roça de roupas rasgadas e de enxada nas costas.

Um galo desce do poleiro, bem no centro do terreiro, abre as asas e começa a cantar; um carneiro desgarrado da manada, começa a berrar; no fundo do quintal, um jegue desatina a relinchar. Um rasga mortalha dá sinais de sua presença, a camponesa se benze, pois sabe, que pode ser prenúncio de morte na família. A vistas claras, um gavião ataca uma ninhada de pintos, repentinamente devora três filhotes de uma mãe aflita e em apuros, que nada pode fazer par salvar seus filhotes, a não ser escondê-los inultimente debaixo das asas comprimidas.

A donzela adentra a sua casa, apodera-se de uma vassoura de pendão, originário da carnaubeira, varre vagarosamente o terreiro, retirando algumas impurezas deixadas pelos animais de criar. Inesperadamente fecha-se o tempo, relàmpagos e trovões rasgam os céus do sertão. Logo mais uma tormenta de água banharará as terras secas da região. O bode acorre ao terreiro, buscando um esconderijo dentro de casa. A jovem campesina, mais do que depressa fecha a janela. Veste-se de um longo vestido de fita de cor encarnada e vai para o meio do terreiro e começa a banhar na bica da cumieira da casa.

Preocupada com as poucas chuvas caídas na localidade, enche todos os potes e vasilhas existentes na moradia, para assegurar o seu mantimento por certo tempo, pois, ela sabe que outra chuva tão cedo não cairá para alegrar o nosso querido torrão alencarino. A camponesa permanecerá triste por algum tempo, seu sorriso só vai desabrochar novamente, quando chover no sertão ou quem sabe, em breve irá enoivar, e seu casório com certeza será motivo de muita festa para essa gente simples do sertão. A mortandade de galinha será razoável pois, como sabemos, no sertão o prato predileto do agricultor, ainda é a galinha caipira que o sertanejo denomina simplesmente - galinha caipira ou pé seco.

Anoitece, é a hora da ceia. Antes, passa um pouco de água nos pés e nas mãos ressequidas do trabalho roceiro. A sua genitora a chama para rezar o terço em família. Defronte o santuário de Nossa Senhora da Conceição, ajoelha-se. Um rezador existente na redonza já está de prontidão para iniciar os rituais da reza. Inicia-se as orações, não demora mais do que vinte minutos. Olhos fixos na imagem, amuletos no pescoço de São Francisco e do Padre Cícero de Juazeiro, faz suas últimas orações. Depois do jantar, recolhe-se a camarinha, levantando-se somente quando um novo dia amanhecer.





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