OS PECADOS DA TRIBO (3)
Roteiro de Coelho De Moraes, sobre a obra de José J. Veiga
Personagens: O Herói (H), Rudêncio (R), Consulesa (Ca), Cônsul (C), Pessoa (P), Pessoa 2 (P2), grupo de festeiros, Mamãe (M), Zulta (Z),
CENA 3
(Casa de H. Z se aproxima da M que está olhando para céu, no por do sol, sentada á soleira da porta)
Z: A senhora está bem? Precisa de alguma coisa?
M: As naus celestes. São poucas, agora.
Z: A senhora precisa reagir... não pode entregar para a doença.
M: Muita gente sábia nelas. Sabem tudo. Como seu pai. Seu pai já foi chefe dos Couracas. Muita gente respeitava seu pai.
(H está se aproximando, dá o caneco de barro para a mãe beber)
H: Já sabemos disso, mamãe.
M: Grande caçados de Aruguas, seu pai. Forte, esperto... voltava das caçadas com a carroça cheia de capivaras...
Z: A senhora vem contando essas histórias o tempo todo, mamãe.
M: Tenho saudades de seu pai... homem bonito...
H: A senhora quer mais alguma coisa... uma sopa?
M: Você (virando para H) e Rudêncio perturbaram a cerimônia de evaporação de seu pai... ficavam rindo e brincando...
H: Isso custou bem caro para nós... tivemos que ficar pendurados em balaios e só comíamos tatu, lagartixa, gravatá, gabiroba...
M: Você eram impossíveis... mas a Casa do Couro era o poder máximo do povo... e seu pai o grande representante...um exemplo...
H: É... Mas, Rudêncio sempre se dava bem nessas coisas... até hoje é muito respeitado, mesmo porque é casado com a filha do Caincara...
Z: Ele nem liga para as coisas... lembra dos Lucendas, quando evaporaram os Lucendas por causa daqueles objetos que eles guaradavam?
H: E que deveriam estar recolhidos nos Armazéns Proibidos...
Z: O que Rudêncio disse?
H: Bem feito... foi o que ele disse... E logo depois estava dono da casa dos Lucendas...
M: Com a Casa do Couro foi a mesma coisa... ele nem ligou... disse que era um lugar de discussões e muita discórdia...
H: Ele acha que agora o território ficou sossegado... todo mundo em paz.
(De repente um tapa nas costas de M, que cambaleia)
R: Vê se esquece essa mania de doença. Minha sogra é mais velha do que você e ainda dança a carangola. (Ri canalha) Falavam de mim? Trouxe presentes para vocês. Para mamãe esse colar. (olhando para H e Z) deixem de paparicar a velha que ela não tem nada. É tudo fingimento. (M se levanta e entra, bruscamente. Deixa o presente no chão. H e Z vão atrás dela. R fica com cara de quem não entendeu. No quarto H e Z se aproximam da mulher deitada).
M: Prometam para mim. ... não quero ser evaporada... prometam (H e Z se olham) eu sei que é arriscado... que é perigoso...(M implora) mas vocês têm que dar um jeito... Não quero ser evaporada... Vocês prometem? (H promete com a cabeça e Z o segue).