Entrei. A porta da minha sala estava aberta, apenas encostada, o que era muito estranho, pois antes de encerrar meu expediente tinha trancado a porta que dava acesso a minha sala. Pelo corredor camiseta, saia, perfume de mulher, risinhos. Meu sangue subiu, fiquei furiosa, a sala era minha, o cheiro era o dele , mas as roupas não eram as minhas e o riso era conhecido.
Deve ser outra pessoa, ele não seria tao cara de pau a ponto de me trair na minha propria sala. Trair não, por que não temos nenhuma relaçao seria. Mas outra do nossa local de trabalho, na minha sala, fazendo as mesmas coisas que nos fazemos! É demais!
Encostei na porta por alguns segundos, o suficiente para constatar o que desconfiava. Eu já tinha percebido um clima entre os dois, morria de ciumes, mas não podia fazer nada. Entre gemidos e sussurros, imaginava suas posiçoes. Ela era bem mais experiente, todos conheciam sua fama.
A raiva era incontrolavel, não sabia se entrava na sala, na minha sala, ou se ia embora. Minhas maos suavam frio, tremiam. Já não conseguia raciocinar. E os dois continuavam a se divertir. Ela gemia alto, a mesa chacoalhava, e eu desesperada.
A ideia de ter um canivete na bolsa, coçava as minhas maos e trazia um certo conforto a minha alma. Meu espirito inquieto me impediu de ouvir a razao e ir embora daquele lugar.
Com o canivete escondido na mao, entrei na sala, os dois assustaram. Ela ainda tentou explicar, mas eu a xingava tanto que ela parou de falar. Ele me olhava assustado, mudo.
Sem dar chance deles se defenderem, golpiei violentamente o lugar que ele estava usando naquele momento. Quanto a ela, cuspi na sua cara.
Fui embora sussegada, bem mais leve, tinha me livrado daquela angustia que me atormentava. Não teria mais com que me preocupar.
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