Nunca escreveu uma sincera poesia de amor num guardanapo de papel para uma putinha gostosa num boteco da Bahia? Nunca tocou balalaica, meio bêbado de vodka, nos subúrbios de Moscou? Nunca leu James Joyce? Não conhece o Louvre, a Capela Sistina? Não chegou a cortar cana para ajudar alguma Revolução? Nunca foi torturado por defender a Liberdade?
Não reagiu às pressões dos pais, dos professores, dos padres, dos pastores, da polícia, e do patrão?
Nunca tomou Drambuie?
Anda sempre com medo de ficar louco? Não sabe a diferença entre um Amati e um Stradivarius? Nunca traiu a confiança cega de um grande amor? Confunde sempre "Jesus, A Alegria dos Homens" com o "Coro dos escravos hebreus"?
Nunca passeou pela praça da Sé, num domingo ensolarado de manhã? Nunca subiu sozinho ao Pico do Jaraguá, nem ao Monte das Oliveiras? Nunca se apaixonou à primeira vista, nem seguiu correndo, desesperadamente, essa paixão?
Nunca foi crucificado por sentir prazeres proibidos e deliciosos? Não chegou a estimular mais que meia dúzia de clitóris diferentes e fantásticos?