Mulheres e Crimes - Sem entrevista
Por: Elizabeth Misciasci - 034/06/2008
A mulher na condição de pessoa presa, costumava ser mais falante, com aptidão a se aproximar de quem confiava e estava sempre pronta a fazer pose e deixar se fotografar. Mais tantas foram as vezes, que se viram em constrangimentos familiares após a divulgação de suas imagens e com o agravante de verem completamente modificados seus argumentos e entrevistas, que começaram a se calar.
Se assim passou a ser, enquanto permanecem encarceradas, já na condição de egressas, aí então é que dificilmente se prestam a dar entrevistas, nem tão pouco mostrar o rosto. Quando isso acontece, é porque o laço de confiança com quem esta declinando seu nome e `atestando` que nem seu depoimento será adulterado, nem sua imagem exibida já foi firmado há muito.
Isso só passa a ser diferente, quando aquela que passou pelo cárcere, esta disposta a lavar a alma, contestar, sem se preocupar com a repercussão, ou o que as pessoas próximas irão achar. Raras excessões... Normalmente, isso se dá no calor da saída da prisão, com `a cara já marcada` não pensando ter mais nada a perder e crente que o retorno será a comoção pública ou providencias, no sentido de que a realidade vivida nos presídios mude, falam e depois... Se arrependem.
Como diz R.S.S. "Nem sempre, conseguimos nos desvincular de um meio que nos proporcionou em determinado momento, algum tipo de `punição` sendo esta em razão da prática de algo ilícito e ficar esperando que a sociedade entenda, somos rotuladas e ponto final".
Você diz uma coisa, sai outra. Isso sem falar, que com tanta gente "tirando proveito" de drama pra ganhar dinheiro, falam um porção de bobagem e depois querem nos ouvir.
Não há coisa pior, do que estarmos presas, e dentro da cela vendo tv, ouvir um advogado ou algum expert, falar que cadeia é escola de crime, que não há recuperação, que a gente sai pior do que entrou, que a pena de morte deveria ser aplicada. Isso, sem falar de uns e outros, que ainda chamam as mulheres que acabaram de serem presas, de vagabundas, sem mesmo saber se foram culpadas. Alegam que pena alternativa é utopia e que não serve pra nada e o sistema por ser falido, destrói ainda mais o que `não prestava antes`.
Imagina a gente, depois de ver tanta hipocresia, pre julgamento e condenação antecipada, ouvindo uma pessoa que não sabe o dia de amanhã em as razãoes que nos trouxeram para uma penitenciária, ainda dizer que só vai pra cadeia Pobre, P...ta e Negro. Dá licença... É aí que nasce a revolta, pegam todas colocam num pacote e jogam no lixo.
O que não sabem e nem querem saber é que há muitas mulheres bem sucedidas financeiramente e presas, quem não somos vagabundas, pelo menois a maioria não. Seria interessante, que uma pessoa dessas, viesse nos ver de perto, saber quem somos, o que respondemos e o que esperamos daqui e fora daqui.
Sei que não adianta falar muita coisa, mais este desabafo é porque além de um País injusto e desigual, não somos alienadas e temos acesso as informações, então, acho que os desinformados são estes, que com um meio de comunicação, ou nos exploram ou deteriorizam ainda mais o que esta completamente estraçalhado, ou melhor nem existe mais... O nosso amor próprio".
R.S.S. esta presa há 03 (três) anos e cinco meses, por furto qualificado. Atualmente, detida na Penitenciária Feminina da Capital de ão Paulo, conhecida como PFC -Carandirú, esta aguardando o julgamento de seu benefício, que dentro do prazo, esta pra sair.
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