VENHA SOLIDÃO, VOLTE A ME DESVENDAR,
SÓRDIDA E IMPIEDOSA, RASCUNHE OS MEUS DIAS.
QUANDO A AMADA SE FAZ TÃO IMPOSSÍVEL,
TÚ ÉS SOBERANA, SANGRANDO O MEU PEITO.
EU INERTE, ASSISTO AOS SEUS DESMANDOS,
ESCREVENDO AS PÁGINAS DESSA ALGOZ LETARGIA,
NA LITURGIA FRIA, QUE SE QUEBRA SÓ COM AS LEMBRANÇAS,
LEMBRANÇAS DOS ÁUREOS DIAS DA ERA DE VIDA.
VIVO ENCERRANDO ESSA QUESTÃO PRINCIPAL:
”ELA PERMANECERÁ AQUI DENTRO DE MIM, INTACTA”.
MESMO COM A SUA INDESEJÁVEL PRESENÇA,
A AMADA VIRÁ, E DETERMINARÁ O SEU IMPEACHMENT.
HOJE, COMO SÚDITO DE SEU MAL, ME CONFORMO.
CUMPRINDO SEU PAPEL TENS ME ESCRAVIZADO,
MAS SUPORTO POR ELA, SEM DELA ESVAZIAR-ME,
E, O AMARGO DESSA AUSÊNCIA, TE TORNA FORTE.
ESTÁ É A MORTE QUE REVELA A POESIA,
QUE DO AUGE DA AGONIA,
SENTO NESSE PALCO E REPRESENTO OS ATOS,
DO MEU ESPETÁCULO, DO MEU SACRIFÍCIO.
DECLARO PORÉM, SEM MEDO, O GRANDE EPÍLOGO,
A VERDADE ESCATOLÓGICA ESTÁ DIANTE DE MIM,
AINDA DENSA PELA VIVÊNCIA ATUAL DA AMADA,
MAS CLARA, NO QUE FALA A AMIGA ESPERANÇA:
"TODO AMOR TRANSPÕE A AFLIÇÃO
DOS MOMENTOS DE INCERTEZAS
E ATÉ DE VAZIO.
ACHADA A CONEXÃO COM O TEMPO,
DECLARA SUA BELEZA
SEM MAIS SER SOMBRIO,
FIRMANDO-SE NA CERTEZA,
TU, DESATINADA SOLIDÃO,
ESTARÁS POR UM FIO."
METIDO A POETA
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