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Artigos-->QUEM FOI HERMILLO PEREGRINO DAVID MADEIRA? -- 31/05/2008 - 00:31 (Mário Ribeiro Martins) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
QUEM FOI HERMILLO PEREGRINO DAVID MADEIRA?



Mario Ribeiro Martins*



(REPRODUÇÃO PERMITIDA, DESDE QUE CITADOS ESTE AUTOR, O TÍTULO E A FONTE).

(Transcrição original do DICCIONARIO BIOGRAPHICO DE PERNAMBUCANOS CELEBRES, por Francisco Augusto Pereira da Costa, Natural da Província de Pernambuco, Recife, Typographia Universal, Rua do Imperador, 50, 1882, página 418, para o site www.mariomartins.com.br, de Mario Ribeiro Martins).

“HERMILLO PEREGRINO DAVID MADEIRA. Filho do Padre João David Madeira, um dos martyres da revolução de 1817, nasceu a 30 de abril de 1831, no sitio Canôas, em terras do engenho Catolé, freguezia de Maranguape.



Na idade de 5 annos, David Madeira veio para o Recife, e aqui começou com applicação e aproveitamento os seus estudos primários, e ao depois, os secundários, aprendendo o portuguez, latim e francez.



Entrando posteriormente no Seminário Episcopal de Olinda, com o fim de prosseguir nos seus estudos e ordenar-se. E quando já havia conseguido prestar alguns exames e já tinha encetado o estudo de algumas das matérias scientificas do curso, teve de abandonar tudo isso, e fixou-se em Água Preta na propriedade de seu pae, á ajudal-o na vida agrícola, pois elle era o filho mais velho, e contava então os seus 15 annos de idade.



Não obstante ter deixado os seus estudos em tão verdes annos, quando raríssimo apparece o desejo do saber e o amor ás letras, não obstante ainda a vida laboriosa que abraçára, mesmo assim, o seu gosto e dedicação aos estudos não o levaram a abandonal-os de todo, e nas suas horas de ócio se entregava a leitura de quanto livro lhe chegava ás mãos, conseguindo assim um certo grão de bem soffrivel instrucção no que muito lhe coadjuvou os seus conhecimentos da língua franceza, na qual era versado.



Exercendo o primeiro cargo policial em Água Preta, David Madeira prestou valiosos serviços, não só a ordem e tranqüilidade publicas, como também por occasião da construcção da via férrea de São Francisco, mostrando-se sempre independente, enérgico e justiceiro. Na política, embora local, foi o que havia sido como autoridade.



Militando nas fileiras do partido liberal, intransigente com os seus princípios, David Madeira nunca attendeu a conveniências locaes ou pessoaes, quando mais convinha tratar das geraes, e nessa posição se viu algumas vezes inteiramente só, e mesmo em opposição aos seus próprios amigos políticos.



Patriota, altivo e exaltado, o mais acrisolado amor da pátria o inflammava. E quando o governo imperial sorprehendido pela empresa do Paraguay convidou os brasileiros para a defesa da honra nacional, e Pernambuco mostrou que não tinha amortecido o seu enthusiasmo de gloria, que é um dos nobres caracteres que o distinguem, alguns cidadãos não desmetindo os brios que enobrecem os seus antepassados, ergueram o espírito publico por meio do exemplo, offerecendo-se voluntariamente, e mostrando ao Brasil que em Pernambuco havia gente que não trepidava em sacrificos ante a defesa dos brios e da honra da pátria.



E dentre esses cidadãos, notava-se o vulto de Hermillo Peregrino David Madeira. No goso de uma vida abastada e independente, considerado em sua localidade, senhor do engenho Santa Fé em Água Preta, eleitor dessa parochia, vice-presidente da câmara municipal da villa desse nome, onde era Vereador, á frente dos negócios de sua família, David Madeira abandona a todas as suas conveniências particulares, deixa os commodos e confortos de sua vida, e levado por esse nobre enthusiasmo de propugnar pelos brios de sua pátria e pela defesa dos sagrados direitos dos seus concidadãos, parte para o Recife, e a 27 de fevereiro de 1865 se offerece voluntariamente a marchar para a guerra do Paraguay.



É com verdadeiro desvanecimento e ufania, dizia no dia seguinte um conceituado jornal desta capital, que noticiamos ao publico factos como este, que tão bellamente concorrem para por em alto relevo os sentimentos de sincero patriotismo desta heróica província, cuja historia nol-a mostra sempre fértil em actos de dedicação patriótica e grandeza de animo todas as vezes que se trata dos brios e dignidade nacionaes.



Recebendo a patente de Capitão, por portaria da Presidência, de 20 de março de 1865, no dia 27 de abril embarcou David Madeira fazendo parte do 1º Batalhão de Voluntários da Pátria, que partiu desta província, o qual passou a ter no Exercito o nº 11.



Em 7 de agosto, escrevia elle de Ayuy, no Uruguai, junto a villa da Concórdia, uma carta em que dizia: “Já me chegou a vez de fazer piquete sendo tirado com 50 bayonetas para o piquete chamado da frente, que é a guarda do Exercito. Posso dizer que dispuz, por espaço de 24 horas dos destinos de uma grande parte do Exercito. Tive a felicidade que nada houvesse, soffrendo porem chuvas desde as 8 horas da manhã até ao meio dia, hora em que cheguei no abarracamento”.



Em março de 1866 já se achava em Corrientes e a 23 de abril escrevia do acampamento do forte da Itapyru:



“No dia 16 pelas 9 da manhã, effectuou o general Osório a passageira da primeira divisão do Exercito, a qual pertence o 11º, gente esta que desembarcou em primeiro logar e, que commandados por mim, levamos o inimigo debaixo de fogo até quase meia legoa, onde se debandaram e também onde por duas vezes recebi ordem para não avançar mais. Esta gloria foi immensa para mim, embora não se trate de uma acção renhida. Todavia, fui o primeiro brasileiro e Voluntário da Pátria, que repelliu o inimigo em seu próprio território. E ainda mais, porque indo officiaes de linha na minha frente no começo do fogo, no calor do combate, porem, achei-me quase só, sendo eu mesmo que apresentei-me em frente dos soldados, quando os inimigos fugiam”.



O Capitão Hermillo Peregrino David Madeira, acompanhando todo o movimento do Exercito, figurou digna e honrosamente em todos os combates e batalhas.



Ferido gravemente na celebre batalha de 24 de maio de 1866, na qual desenvolveu uma bravura digna de imitação, assumiu depois, ao commando do batalhão, na qualidade de official mais antigo, no impedimento do respectivo commandante e do major do mesmo corpo, feridos e fora de combate.



Partindo para Corrientes, em virtude de um outro ferimento que recebeu em combate, escrevia d´ahi em 8 de agosto:



“Agora escrevo sem ter nada a acrescentar. Communico apenas que vou partir para o Exercito e talvez que em breve tenha de voltar, porque estou com uma perna bastante doente”.



Apenas restabelecido, David Madeira voltou de novo ao campo de batalha e, tomando parte no combate de 22 de setembro de 1866, e quando tecia com o seu heroísmo uma das paginas mais gloriosas dos annaes guerreiros do Brasil, depois de haver já perdido dous dedos, recebe um ferimento de metralha que lhe offendeu a espinha dorsal, gravíssimo ferimento que pôz esse valente soldado fora de combate, e do qual veio a fallecer no dia 8 de outubro de 1866, com 35 anos de idade.



Pernambucano distincto, arrojado e Valente, Hermillo Peregrino David Madeira pela estreiteza do tempo de campanha não pôde attingir a postos e títulos elevadíssimos, que ainda realçassem o seu merecimento e valor.

Deixou porem a sua memória enobrecida por actos de bravura e heroísmo, deixou o seu nome estampado na historia da pátria em caracteres indeléveis, deixou finalmente aos contemporâneos e aos vindouros um exemplo nobre e elevado, que sempre lhes despertará os brios e o patriotismo.

Inhumado o seu cadáver no cemitério da Santa Cruz em Corrientes, foi lavrada sobre a sua sepultura a seguinte inscripção, que é uma verdadeira homenagem ao seu alto merecimento:



“Aqui jazem os restos mortaes do Capitão do 11º, do Corpo de Voluntários da Pátria, Hermillo Peregrino David Madeira. Respeitem as cinzas de um bravo”.





*MárioRibeiroMartins

é escritor e Procurador de Justiça.

(mariormartins@hotmail.com)

Site: www.mariomartins.com.br

Home Page:www.genetic.com.br/~mario.

Fones:(063)32154496 Celular:(063) 99779311.

Caixa Postal 90, Palmas,

Tocantins,77001-970.

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