LIBERDADE,LIBERDADE
Todos a festejam,todos a querem;por ela,estouram guerras,se mata e se morre.Quantas tolices já foram cometidas em seu nome!Mas,ela existe,será real?Quem a possui,verdadeiramente?O escravo negro,que foi comprado,portanto,para seus donos e a sociedade da época,não era gente,era um investimento,saía para o eito ao nascer do sol,levava sua ração,voltava para a senzala ao entardecer,comia sua ração,ia dormir.O assalariado de hoje,morador de periferia que trabalha no centro,sai de madrugada,toma um “menor” na padaria da esquina,ás vezes come uma “média”,sai em busca da condução,difícil,precária e lotada;outros escravos iguais a ele,chegaram primeiro e pegaram os lugares;então,vai em pé,horas de sacolejo e cansaço.Chega no trabalho,um trapo.Alguns,como balconistas,trabalham em pé.Muitos só ganham comissão.Ao meio-dia,quando dá,param num cantinho,abrem uma marmita fria e engolem uma ração modesta,geralmente arroz,feijão loló,como se diz aqui,ou seja,sem carne,a não ser,ás vezes,o jabá,a carne seca frita.O dia passa,chega a noite-vamos fazer hora extra-melhorar um pouco o salário.Os que sonham em vencer na vida,de lá vão ás escolas noturnas,tirar o segundo grau,para poder fazer um concurso público,pois,o governo ainda é o melhor patrão.As donas de casa vêm correndo para seus lares porque os filhos,ou ficaram sós,sob a guarda dos mais velhos,ou ficaram com as avós,ou nas creches,que devolvem as crianças ás sete horas,e,a mãe tem que vencer o tempo,o trânsito,os trens lotados para chegar a tempo.No fim do mês a remuneração não chega a $500.00 reais.Para pagar aluguel,comprar comida,vestir-se e vestir a família,comprar cadernos e livros para os filhos,material de limpeza e higiene pessoal e,para a saúde,depender do SUSto.Vem o domingo ou feriado,como sair com as crianças,leva-las á praia,ao cinema?Não há sobra,mesmo com o vale transporte,o ticket refeição,vendidos mal se recebe,com ágio,perdendo muito,porque é necessário,não tem a quem apelar,e,cada vez sobra mais mês no fim do dinheiro.Então,é ficar em casa,curtindo os programas de Tv,as novelas,os filhos,nas peladas de rua,os pais,(quando existem)no bar;então elas se refugiam nas igrejas,para serem roubadas no pouco que têm por pastores inescrupulosos.,que vendem terreno no céu e esperança de felicidade.Tenho observado essas pessoas,cabisbaixas,mal vestidas,mal alimentadas,e me pergunto se mudou alguma coisa de 1888 prá cá.Nesse ano a Princesa Isabel botou o preto no branco;mas,até hoje o branco continua botando no preto.A frase não ´e minha;é do genial Millôr;mas,eu assino embaixo.
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