Todos nós, portadores de um mínimo de senso crítico, sabemos que José Pedro de Freitas, o Zé Arigó, aquele que dizia, mentirosamente, incorporar o inexistente espírito dum tal Dr. Fritz, que teria sido um médico alemão da Segunda Guerra Mundial, foi um grande embusteiro que, até os dias de hoje, ainda engana a milhões de ricos e pobres, cultos e ignorantes, o que é profundamente lamentável.
Padre Quevedo: “Fritz não é sobrenome, é ‘Francisquinho’, um apelido. Além disso, em qual universidade o Dr. Fritz estudou? Onde está o registro de nascimento e o sepulcro? E o diploma de médico? É evidentemente uma farsa! O curioso é que a FEB (Federação Espírita Brasileira) sabe que é uma farsa e continua fazendo…”.
Nota: Para se aprofundar no tema das “cirurgias espirituais” ou “cirurgias mediúnicas”, sugiro “O Poder da Mente na Cura e na Doença”, do especialista Prof. Dr. Padre Oscar González-Quevedo, S.J., Edições Loyola, São Paulo.
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O FENÔMENO JOSÉ ARIGÓ
A Revista de Araras escolhe para um de seus temas de matéria a ser publicada, os assuntos abordados através do programa de Pedro Pessotto, pela Rádio Centenário (de Araras-SP), que leva o sugestivo nome de “Sala de Visitas”.
Para um dos programas do mês passado foram convocados os médicos de nossa cidade, chamados a opinar sobre o “FENÔMENO ARIGÓ”, o médium de Congonhas do Campo (MG), que tanto celeuma provocou com suas curas, que há 11 anos vinha realizando naquele município, atividade interrompida sob a acusação de curandeirismo e exercício ilegal da medicina. Preso, por essa acusação, uma onda se levantou a seu favor e os pedidos de indulto foram se avolumando até o ponto em que o Govêrno Federal se viu na contingência de atender aos reclamos do povo que pedia justiça a um homem que, pelo contrasenso dos mais incompreensíveis se achava prêso por praticar a caridade, curar o próximo, contrariando princípios convencionais.
O PROGRAMA
O primeiro médico a ser perguntado foi o dr. Ênio Vitali.
PERGUNTA: Aproveitamos a oportunidade para perguntar sôbre o fenômeno Zé Arigó. Como o sr. aprecia esses acontecimentos?
ÊNIO VITALI: Assunto tão discutido por autoridades maiores que esta que vos fala não chegaram a uma conclusão. Não tendo visto nenhuma cura “in loco”. Sou de opinião de que José Arigó é muito mais explorador do que propriamente um fenômeno. José Arigó tem alguma coisa diferente do comum mortal. O fenômeno da Parapsicologia tem sido apreciado e aprovado em várias partes do mundo. É um indivíduo dotado de faculdades superiores a de um homem comum que se exterioriza através as suas curas.
PERGUNTA: Mas, essas curas que o sr. menciona são comprovadas?
ÊNIO VITALI: Acredito que algumas delas sejam comprovadas. Em caso cirúrgico não me convenceu. Muitos casos que êle fêz errado não apreciei até agora.
DR. DIRCEU GIACHETTI: A respeito do filme sôbre José Arigó tivemos oportunidade de assisti-lo. Houve uma exploração em tôrno de José Arigó, porque o que nos foi mostrado em tela foi uma coisa que deixou muito a desejar. Na minha especialidade assisti a uma cirurgia rotulada de catarata. Há uma grande diferença que reside não sòmente no ato cirúrgico como também, na sua conseqüência. A catarata é uma cirurgia de grandes riscos. O ôlho é uma parte sensível que requer muita atenção.
PERGUNTA: Tem o sr. conhecimento de resultados positivos?
DR. DIRCEU: Não. Meu depoimento não serve de base porque não vi nada de real. Ninguém quer negar o valor de José Arigó. Êle tem faculdades iguais a do Pe. Donizetti, à N. S. Aparecida, etc. O que cura realmente é a fé. Há cegueira física assim como uma astenia circulatória. Houve na II Guerra Mundial indivíduos que tiveram a sensação de sofrer do coração e que se comportavam como se realmente fossem cardíacos, mas na realidade não o eram. Tratados psiquicamente 14 mil voltaram ao campo de batalha. O que José Arigó tem é essa influência psicosomática que o beneficia.
DR. NORONHA: Gostaria de fazer uma distinção. Acho que José Arigó é um psicólogo e, aventado que a parte psíquica do indivíduo tem ressonância sôbre a parte psíquica do outro sabemos que um curandeiro pode curar dependendo daquele momento de fé.
PERGUNTA: E, quanto a cirurgia?
DR. NORONHA: Não acredito.
DR. PAULO A. TEIXEIRA: O problema existe também na Inglaterra que adota curandeiros que são agrupados, fazendo concorrência aos médicos. Um país altamente socializado que tem essas coisas. Um caso mais recente diz respeito à filha da Rainha da Holanda, que estava sendo tratada por um curandeiro. O fenômeno é de origem psíquica.
DR. GIL P. MENEZES: O fenômeno Zé Arigó é algo que chamou a atenção de todo o Brasil, e, até dos meios internacionais. Como médico, evidentemente, acho que um indivíduo que exerce a medicina ilegalmente, como um curandeiro, merece a sua cadeiazinha. Como espírita, talvez seja êsse o ângulo em que o reporter quer me ouvir, eu vejo em José Arigó um médium. Um indivíduo que possui faculdades paranormais, que possue dons de mediunidade que a grande maioria não tem. Através dêle se processam fenômenos que não tem até hoje explicação científica e, a meu ver exigiria no caso José Arigó um exame mais apurado, a fim de se chegar à uma conclusão mais perfeita. Pessoalmente, nunca estive com José Arigó, e, tudo que sei a seu respeito é através de pessoas mais chegadas, ou através de relato de reportagem. Pelo menos dois colegas meus viram José Arigó operar e, um dêles eu conheço e seu relato me merece fé.
PERGUNTA: Qual a sua opinião sôbre o aspecto cirúrgico?
DR. GIL: Acredito, mas é algo que foge a tudo que a gente conhece. É uma cirúrgia feita sem as normas convencionais. A anestesia se faz de uma maneira inexplicável. A possibilidade admito comprovada. O testemunho verbal de um colega médico também me deram uma convicção que realmente acontecem coisas extraordinárias com José Arigó. Tem casos negativos também que o próprio José Arigó diz que não tem solução.
PERGUNTA: José Arigó fez curas através um espírito que dizem ser de um tal Dr. Fritz.
DR. GIL: É uma entidade espiritual a que denominas Dr. Fritz. Tenho convicção de que isso acontece.
Fonte: REVISTA DE ARARAS, Araras (SP), Maio/Junho de 1966, Ano I, N.º 1, Página 15.
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Entrevistador:
Prof. Pedro Pessotto Filho
Entrevistados:
Dr. Ênio Vitali
Dr. Dirceu Giachetti
Dr. João Geraldo de Carvalho Noronha
Dr. Paulo Adolpho Teixeira
Dr. Gil Perches de Menezes
Nota: Foi respeitada a ortografia da época, assim como os erros de impressão.
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“Fora da VERDADE não há CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!”
