Muita gente se pergunta
por quê que o terrorista
o corpo com álcool unta
e dá uma de foguista.
Outra ora vem de carro
lotado de explosivo
e, sem dar nenhum esbarro,
resolve não ficar vivo.
Ora vejamos, pois, pois!
Sexo, antes do casório,
jamais! Só pode depois,
bem antes do seu velório.
Nada de bebida quente,
muito menos quando fria.
Lá, bar é inexistente,
pra não gerar alegria.
Não se vê televisão,
Internet não acessam,
futebol não tem campão,
e só bombas arremessam.
De strip sabem é nada,
não comem carne suína,
no areal, mergulhada,
não se vê uma menina.
Sem parque municipal,
nada esverdeia lá,
a não ser roupa banal
pro calor remediar.
Só comem com mão direita
pra sua fome matar,
a esquerda é perfeita,
mas só pra bunda limpar.
E, para mais complicar,
rádio, lá, também, não tem.
E, quem quiser escutar,
condenação logo vem.
Nada de barba fazer
e banho seria luxo.
Mulher não se deixa ver,
o véu vai até no bucho.
A noiva é escolhida
por decisão de terceiros,
de modo que o suicida
deixe com ela herdeiros.
A herança dos meninos
são pedras mui preciosas,
guardadas em mezaninos
e passadas como rosas.
Além disso, a promessa
de pela pátria morrerem,
matando vivos à bessa,
para o Céu merecerem.
Por fim, querias o quê?
Com tal leque de desgraças
pode alguém bem viver,
jogando vida às traças?
***
Com
os cumprimentos
do Tim, crente em bombas
de chocolate, filho do Rio
São Francisco, quando ainda
dava peixe, e servo da lourinha,
a melhor cerveja do Brasil. Salame! Salame!
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