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Cartas-->12. EUGÊNIO -- 31/07/2002 - 07:54 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Quando adquiri a noção das coisas e meu pai me contava histórias, fiquei extremamente intrigado com o Gênio da Lâmpada, de Aladim. Aproximei meu nome da personagem e, espírito infantil, queria satisfazer os maravilhosos desejos das pessoas, em passes de mágica.

Parece história da carochinha, sem efeito programático na vida responsável de pessoa integrada à matéria, com a destinação de melhoria de comportamento em todos os setores capengas da formação evangélica.

Sintam o efeito que produz a inconsistência da fantasia, em relação às demandas da realidade.
Pois bem, essa sensação desagradável de algo que ficou sem perspectiva de realização atinge todos os amigos da “Turma dos Primeiros Socorros”, em virtude de termos chegado ao etéreo com aspecto de criança ou de adolescente.

Torna-se problemática a adaptação, ou melhor, readaptação aos processos existenciais, quando não se exerce domínio pleno sobre o poder de raciocinar e sobre as sub-reptícias infiltrações das emoções. Em outras palavras, debelar a infantilidade exige tempo, cuidado, assistência e compreensão.

Mas a fantasia pode ser utilizada inteligentemente pelos mentores, para o efeito visado de restauração perispiritual, como ocorreu comigo.

Deixei a carne bem cedinho, aos oito anos, quando mal principiava o segundo ano primário.

Penso que seja o único da classe que voltou na companhia dos pais, embora impossibilitados de atendimento ao filho, por razões que não importa esmiuçar. Fique a pista de que ambos se encontram, após dez anos, perlustrando o Umbral, em perseguições recíprocas, acrescidas do problema de que meu pai foi culpado do acidente que nos tirou a vida.

Eu era totalmente dependente deles e não poderia compreender, de imediato, que lhes perdera a assistência, devendo ficar nas mãos de outras criaturas. Aí, os recursos das transformações fisionômicas entraram em ação e dois abnegados protetores, meus tios de outras jornadas, assumiram a fictícia paternidade, dando-me a necessária cobertura emocional para o enfrentamento da nova e trágica situação.

Tenho muitos débitos no passivo, os quais resgatarei em tempo hábil. Mas a devolução de meu espírito ao etéreo não poderia punir-me, o que se explica pela lei da “carga suportável” ou da lei “a cada qual segundo as obras”. Também a antecipação não há de redundar em privilégios, como se esse fato anulasse todos os compromissos cármicos. O que recebi dos benfeitores foi a complacência do aguardo da compreensão.

Por outro lado, por acréscimo de misericórdia, para apressarem a conscientização do afilhado, brincaram comigo, dando-me poderes de concentração energética para concretizar desejos mágicos, à medida que as histórias que me contavam necessitavam de personagens que me possibilitassem entender, paulatinamente, os fatos da vida e os fenômenos naturais.

Quero, nesta altura da dissertação, esclarecer que a coincidência do nome Eugênio com a história de Aladim foi casual, senão vão pensar que tudo estava escrito e que se sabia, de antemão, que iria sofrer o desastre, que meus pais iriam perder-se nas trevas, que seria despertado através da magia lúdica da psicologia aplicada etc. Há forte tendência, entre os que estudam mal o Espiritismo, de que o futuro existe como realidade, oculto num biombo de tempo, que uma figuração mágica qualquer acaba revelando. Não é assim. A previsibilidade dos acontecimentos se estabelece a partir do estudo dos fatores atuais, o que nos leva a considerar o conhecimento prévio como lotérico, dado que há interferências insuspeitas em todos as pequeninas ações, o que produz alterações significativas naqueles fatores, que continuam, constantemente, em estado de atualização, obrigando a novas conjecturas. A extensão deste raciocínio, estabelecido o padrão-limite para a realização dos eventos sobre os quais nos dizemos aptos ao conhecimento, vai esclarecer-nos que, quando o momento do futuro aprazado chegar, estará, definitivamente, dando certo, tantas foram as pequenas mudanças que se fizeram nas previsões, a ponto de descaracterizar o vaticínio inicial.

Antes de escrever o presente parágrafo, imaginei que, ao chegar ao fim, talvez não desse a noção exata de todas as intuições e certezas que adquiri no estudo do tema. E não poderia ser diferente, pois o assunto é complexo e caberia, tranqüilamente, em tratado sobre o tempo e sobre o espaço, como resultantes da transformação da energia em trabalho, de acordo com as apreciações da Física e da Matemática. Não é assim que pensa o amigo leitor, muito mais interessado nos aspectos psíquicos dos espíritos infantis de volta ao etéreo do que nos tópicos filosóficos existenciais, sobre que não se poderia supor que uma criança de oito anos de idade viesse discorrer?

Fiz de propósito desenvolver o raciocínio complicado, para demonstrar o quanto progredi desde que aqui cheguei pelas mãos de José, depois de haver descoberto, sem drama, que meus pais haviam sido substituídos amoravelmente pelos beneméritos guardiães. E também para induzir à consideração de que meus pais, com certeza envolvidos em problemas sentimentais agudos, estão inutilizando esta fase da existência, sem aprendizados tão valiosos quanto os meus.

A bem da verdade, acumulo conhecimentos, no sagrado intuito de buscar ajudá-los em breve, para o que estou arquitetando a sutileza de plano mágico, pretendendo apresentar-me a eles na condição em que deixei a vida, sem a terrível desfiguração, é claro, do acidente. Será simples passe de mágica, na vertente da bondade que nasce da misericórdia divina.

Enquanto isso não ocorre, vou dedicando-me ao aperfeiçoamento das qualidades intelectuais que descobri em mim, pois, ao destacar sílabas de meu nome, acabei por dizer “eu-gênio”, e me atribuí condições mentais superiores, com as quais pretendo assimilar os conhecimentos possíveis da Física, da Química, da Matemática, da Botânica, da Filosofia, da Religião, como expressão mística superior da criatura, da Linguagem, da Medicina, da Engenharia, da Cultura Terrestre, como nutriz das Civilizações, causa-efeito do Espírito Encarnado sobre a Matéria e sobre a Evolução... Preciso prosseguir relacionando, para entendimento do nível das aspirações?

E se não tiver chegado sequer a imaginar todas as matéria desse extenso currículo e receber o apelo de meus pais, na compreensão, afinal, da necessidade de auxílio? Darei graças a Deus, pois nada há de mais importante para mim do que juntar de novo a família, em torno dos cânones cristãos.

Posso perguntar aos amigos se me consideram no caminho certo do Reino de Deus? Então, vamos abraçar-nos neste ideal enlace de amor e extasiemo-nos juntos com o esplendor da Justiça Universal, que nos possibilita buscar sermos irmãos pelas palavras energizadas que perpassam pelo etéreo, se fixam na matéria e se resguardam na memória dos sentimentos superiores do homem, como ser puro, assim provindo das mãos criadoras do Pai.

De certo modo, estou estendendo minhas mãos mágicas para alcançar o presente da leitura dos irmãos de boa vontade, que me tomam como um dos mensageiros da “Escolinha de Evangelização” encarregados do desvelamento da realidade factual do mundo imediatamente superior ao da carne.

Juntemo-nos para a prece dominical e estabeleçamos, a partir do instante em que os amigos se compenetrarem de minha presença ao seu lado, forte corrente de amor, para o agradecimento dos recursos intelectuais e afetivos, na firme determinação de que o futuro que construiremos acolherá a idéia da fraternidade universal aos pés do Senhor, sob a inspiração da doutrina de Kardec.

Até já e até sempre, no seio da Verdade, pela Eternidade, com Deus!

Jesus nos abençoe, proteja e ilumine em todos os projetos! Assim seja!

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