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cronicas-->Com certeza -- 17/05/2000 - 11:04 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Incrível como certas palavras adquirem quase que vida própria. Se impõem sobre o falante, se insinuam e acabam obrigando sua repetição incessante, como uma ladainha. A expressão "com certeza" é uma das que hoje vigoram soberanas.

- O senhor vai bem?
- Com certeza

- Como vai o senhor?
- Com certeza

Neste caso em especial até a máxima do menor esforço é contrariada trocando-se um simples "sim" por um longo "com certeza". Em alguns casos, como no segundo exemplo, é usada sem um sentido inteligível. Com certeza. Já há pelo menos cinco anos, conheci um rapaz que respondia à qualquer pergunta com a invariável resposta. Sempre se tinha certeza da resposta a ser obtida, nem sei porque se perguntava algo a ele. Não pense que estou exagerando. Ele era realmente excepcional. Com certeza.

- Você chegou atrasado hoje?
- Com certeza
- E o que fará para compensar o atraso?
- Com certeza

Tivesse mais leitores e uma boa parte estaria balançando a cabeça e pensando: "com certeza".
O pior é que estes desvios vão minando a forma de falar e chegam à televisão onde, com certeza, serão multiplicados e mesmo quem não usava a infeliz expressão acaba cedendo na esperança de se manter na moda ou demonstrar erudição.

E nos casos em que a expressão seria realmente aplicável? Ficamos quase que proibidos de usá-la para não cair na vala comum dos que a usam em qualquer situação. Substituir por certamente parece estranho, falso. Com certeza, esta expressão já se repete há muitos anos e não há sinal de recuo ou substituição.

Não sei onde li que as pessoas deveriam ter uma caixa preta como as dos aviões. Com certeza. Assim, antes de dormir poderíamos ouvir todas as besteiras que falamos para evitar repetir no dia seguinte.

Outro exemplo desta categoria de expressões que acabam sendo repetidas de forma obrigatória é o "tá bom?". É assim mesmo, no interrogativo. Principalmente no telefone. O vivente vai falando um monte de besteiras sem dar chance ao interlocutor de argumentar e ao término, tentando convencer o outro a aceitar o que foi dito, encerra a conversa com um primeiro "tá bom?". A partir daí a cada nova interação a expressão vai sendo repetida, "tá bom?", "tá bom?" até que consegue desligar, "tá bom?". Há variantes: "tá bom né?" como que suplicando a aceitação do argumento ou situação e ainda as variações regionais onde um ou outro sotaque é imitado.

Tá bom?


Escrito em 26.09.1999
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