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Contos-->Aimberê -- 26/06/2002 - 15:58 (Cilico) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Nome indígena, dado a um escurinho de Pilares, que apresentou em minha vida uma história fantástica, que faço questão de relatar dentro de meus escritos. O ano? Perto de 1959. Aimberê, pobre, desde de muito pequeno, era chegado a um acidente. Atropelado várias vezes por carros, tinha em seu corpo, e principalmente no rosto, cicratizes, resultado de acidentes, que reforçavam mais seu estado mental, que andava entre o mongolóide e o retardado. Novo, e já com pouquíssimos dentes, Aimberê, sempre muito prestativo, ajudava aos mais idosos nas tarefas de peso, e outras coisas mais. Atropelado por uma locomotiva da linha auxiliar da Central do Brasil, em Pilares, Aimberê foi dado como morto, para o bairro, causando em alguns, o sentimento de pena e justiça, pois não havia maior infortunado com a sorte do que Aimberê. O boato no bairro espalhou-se com uma rapidez mórbida. Aimberê morreu. Aimberê morreu. Uma bela noite no bairro, deserto pelo adiantado da hora, vou chegando em minha casa, e qual seria o meu espanto, ao dar de cara com Aimberê, vivinho da silva, e com o rosto mais acidentado ainda, pelo atropelamento da locomotiva. Na hora, ocorreu-me o primeiro espanto de estar vendo uma alma penada, vindo visitar coleguinhas do bairro. Em disparada corri para casa, rezando pra todos os santos, e tentando entender, que o que eu tinha visto, ou melhor, quem eu tinha visto era de fato Aimberê, o jovem morto para o bairro, após mais um atropelamento.
Flamenguista doente, Aimberê acompanhava os treinos do Flamengo no Nova América em Del Castilho, com orgulho, e assistia aos seus principais jogadores, como Silva, Babá e Henrique, darem seus chutes para o gol em treino, onde sempre encontrariam aquele escurinho para pegar a bola, quando a mesma era isolada, para fora das quatro linhas do campo.
Em uma bela tarde de sábado, jogavam Flamengo e Olaria no Maracanã, e a mãe de Aimberê passava peças de roupa na casa de outro amigo, Mandico. Ela havia consentido que o filho único, querido e sofrido Aimberê, fôsse assistir no Maracanã, a partida. O calor era forte, enquanto Dona Maria passava a roupa, e com o radinho Spica de Mandica ouvíamos o desenrolar da partida, que parecia um clássico, coisas que os times pequenos de hoje deixaram de proporcionar. Bem, bola vai, bola vem, e o locutor passou a narrar que na torcida do Flamengo, um jovem tinha caído no foço, vão de uns 2 metros e meio que separava a geral do Maracanã, com o gramado. A mãe de Aimberê, ao se dar conta da notícia, resmungou: É AIMBERÊ... Pensado, dito e feito, era mesmo Aimberê que havia no auge da emoção de torcer por seu time, caído no foço do Maraca. Impressionante, foi para mim assistir e ouvir Dona Maria, descansar o ferro, com a maior calma possível, e pedir ao pai de Mandica, que possuia carro, para ajudá-la a ir reaver seu filho, que havia virado notícia naquela tarde, ao cair no foço do Maracanã.


E a velha e traiçoeira vida, pregando peças, fez com que Aimberê, após traumática trajetória, viesse a falecer aos dezenove anos, deitado em sua cama, após o almoço, sem emitir nenhum ruido de dor ou mesmo da morte.
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