Usina de Letras
Usina de Letras
77 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62206 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22534)

Discursos (3238)

Ensaios - (10354)

Erótico (13567)

Frases (50603)

Humor (20029)

Infantil (5428)

Infanto Juvenil (4764)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6185)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->O VENDEDOR de HOLLERITE -- 26/06/2002 - 03:02 (LUMONÊ) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O VENDEDOR DE HOLLERITE

Finalmente chegou o quinto dia útil do mês, dia do SÓ ISSO (?).

Logo cedo ele dirigiu-se ao departamento pessoal para pegar aquele pedaço de papel que o capital usa para cascar o bico no trabalho; o tal HOLLERITE e ao conferir o mesmo, vendo que seu salário não havia sido reajustado, só não caiu de costas por falta de espaço já que seus colegas haviam chegado antes e o chão estava repleto de corpos estendidos.

__Outro mês sem reajuste? __perguntou incrédulo.

__Mas reajuste porque? __responderam-lhe__ O arroz, o feijão,o pão, a cerveja, a camisinha...nada subiu! Por que seu salário haveria de subir? Está querendo boicotar o REAL?

Por não estar querendo boicotar nada e tampouco começar uma discursão improdutiva, ele enfiou seu HOLLERITE no bolso e saiu. Foi trabalhar.

No dia seguinte usou o salário para pagar algumas contas e quando deu por si já estava completamente liso. De bolsos vazios e saco cheio daquela situação onde trabalhava feito um jumento e nunca tinha dinheiro sequer para a necessidades extremamente básicas ele começou a pensar numa forma de aumentar a receita e a única saída que visualizou foi fazer um bico, como tantos brasileiros.

Teve então a idéia de vender algo na feira; algum produto que rendesse-lhe alguns trocados e depois de muito quebrar a cabeça chegou à conclusão que a única coisa que poderia vender seria HUMOR, ou seja, PIADAS e como tinha poucas delas em casas resolveu apelar para os amigos com os quais conseguiu juntar cêrca de cem dos tais HOLLERITES.

No domingo de manhã lá estava ele na feira:
__Vamos minha gente! Por apenas vinte reais compre um HOLLERITE e casque o bico num trabalhador! É uma piada mais cabeluda que a outra!

Por mais de uma hora ele gritou feito um louco, mas ninguém interessou-se pelo seu produto. Pela lei da oferta e procura o preço foi caindo, caindo até chegar a míseros dois reais. Mas nada de venda. Já estava quase desistindo quando aproximou-se da banca um sujeito com cara de vagabundo bem pago (devia ser vereador) e então ele resolveu fazer a última tentativa conseguindo com esta atitude a sua primeira venda.

Quando o sujeito abriu o HOLLERITE e leu a piada, não deu outra. Riu feito um louco. Riu tanto e tão escadalosamente que uma multidão juntou-se diante da banca do vendedor de HOLLERITEs. Com tamanha propaganda as vendas começaram a acontecer e com o aumento da procura o preço de cada "piada" começou a subir rapidamente até alcançar os vinte reais do início; chegando mesmo a valer vinte e cinco depois de pouco mais de uma hora.

Era a sorte de um trabalhador começando a mudar.

Num certo momento aproximou-se da banca um deputado. Desconfiando de que os políticos devem gostar muito de rir da desgraça dos trabalhadores já que se esforçam tanto para ferra-los ele resolveu aumentar o preço de seu produto para cinquenta reais, o que em nada assustou o sujeito que logo de cara foi comprando seis HOLLERITEs sem sequer pechinchar. Abrindo os envelopes um após o outro o deputado deu todas as gargalhadas a que tinha direito (parecia até que estava lendo as piadas do ARI TOLEDO) e no final ainda comprou mais um punhado dizendo que levaria para o congresso onde distribuiria para seus comparsas lerem nos momentos de folga, ou seja, o tempo todo.

E assim o tempo foi passando e enquanto o dinheiro caía feito água, o estoque de HOLLERITEs foi caindo, caindo até que dos cem iniciais restou apenas um. Vendo que a procura ainda estava grande ele resolveu subir o preço do último para cem reais, mas para seu azar, justo nesta hora apareceu na banca um sujeito cabisbaixo, com cara de pouco dinheiro, perguntando pelo preço do produto:

__Cem reais!

__Muito caro! Não tenho este dinheiro! __foi dizendo o pobre coitado dando meia volta.

__Eu te vendo por cinquenta! __disse o vendedor vendo que o cara precisava rir um pouco.

__Ainda é muito! Tenho apenas dez reais!

__Vendido! __arrematou logo o feirante certo de que fazia uma ótima ação.

Quando o cara abriu o envelope porém ele teve uma grande surpresa pois ele não riu. Pelo contrário. Ficou imóvel, de boca aberta só olhando para o HOLLERITE.

__Meu Deus! Deve ser muito bom receber um salário deste! Será que todo mês tem pagamento? __murmurou por fim.

__Você está louco? Um salário de fome deste e você acha que é bom!

__Não amigo! Eu não estou louco! Eu sou professor!


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui