A Lei Pelé provoca acaloradas discussões e muita controvérsia. Os cronistas desportivos enchem colunas dissecando os malefícios causados ao futebol e nos clubes brasileiros.
Hoje, a lei está transformada e foram amenizados os transtornos e retrocessos do projeto inicial. Mas tem muito para ser modificada, principalmente, se levarmos em conta o futebol como espetáculo e analisarmos a mediocridade dos últimos campeonatos nacionais.
A evidente constatação é a de que nossos craques estão, cada vez mais jovens, indo jogar nos gramados exteriores. Quando um menino desponta em alguma categoria de base, os olhos dos dirigentes e empresários faíscam com cifrões e piscam como máquinas registradoras. Há alguns casos que os garotos nem chegam a atuar nos clubes do Brasil, são profissionalizados no Velho Mundo. E isso é alarmante para um incauto e apaixonado torcedor.
Os gaúchos contam os inúmeros craques que poderiam, ainda, estar jogando no Olímpico ou no Beira-Rio. Se os craques que deixaram a dupla nos últimos seis ou sete anos retornassem aos campos do sul, Grêmio e Internacional teriam excelentes e competitivos times. E isso se traduziria em galera feliz, estádios lotados e ingressos mais acessíveis. Mas quem se importa com a paixão do torcedor?
Dentre os vários casos de atletas que despontaram na dupla Gre-Nal, dois exemplos são revoltantes. O primeiro foi o Ronaldinho Gaúcho que deixou o Grêmio sem a devida contrapartida financeira, para não dizer que foi uma doação involuntária protagonizada pelo time da Azenha. Ironicamente, no instante em que o presidente havia colocado a frase não vendemos craques no alto do estádio. O segundo, que revolta os corações vermelhos, foi a prematura saída do garoto Alexandre Pato. O Pato jogou meia dúzia de partidas pelo Internacional e foi “exportado” para o Milan. Ganhou o Inter, ganhou o jogador, ganhou muitíssimo o atravessador e perdeu o futebol gaúcho.
Em 1982, na Copa da Espanha, aquele memorável e inesquecível eclipse de astros montado pelo Telê Santana, apenas o Falcão jogava no exterior. Atualmente, essa proporção inverteu-se assustadoramente e tenho dúvidas se em 2010 haverá algum jogador titular atuando nos campos do Brasil.
Então, como um fanático torcedor do Internacional – e um moderado torcedor do Gandense – toda vez que o Alexandre Pato faz um golaço na Europa eu faço um especial agradecimento: Obrigado, Pelé!