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cronicas-->Essa coisa -- 16/05/2000 - 15:21 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Com certeza, a nível de se falar besteira, uma expressão que vem ganhando espaço é a coisa. Essa coisa de falar da coisa, sabe? Você vai falando, descrevendo isto e aquilo, usando seus com certeza e a nível de, arriscando uns até porque e, de repente, pára. Não há como explicar. É neste momento que surge a coisa.

- Você sabe, né, a coisa da ...
- Ãhã, Ãhã

Há quem responda com quatro Ãhãs para ficar claro que ele entendeu perfeitamente o que é a coisa. Afinal não se pode passar como um ignorante que nem sequer entende o que é esta coisa. Há variações. Podem ser de dois em dois ou um, após uma pausa e aí três Ãhãs seguidos. Não há uma regra clara a respeito.

O você sabe é muitas vezes necessário, pois se quem está dizendo não sabe, como geralmente acontece, espera-se que quem está ouvindo saiba. Estabelece uma cumplicidade, não deixa margem ao ouvinte para que ele pergunte. Ele sabe o que é a coisa, não podemos imaginar que temos um interlocutor tão limitado que não entenda esse falar moderno e, sobretudo, claro.

Com isso, o elenco de besteiras que se pode agregar a uma conversa para que ela pareça cult vai crescendo e o besteirol vai aumentando. É bom pois nestes tempos bicudos um sorriso, uma gargalhada sempre vem bem. Essa coisa do sorrir, sabe? Reanima, alegra mesmo o ambiente a nível de alegria. Não é?

Sinal dos tempos. Antigamente para falar besteira e parecer culto tinha que ser bacharel. Hoje não, com os meios de comunicação à disposição de um número cada vez maior de pessoas, o besteirol se alastra com mais facilidade e qualquer um hoje pode falar besteira. Inclusive eu. É essa coisa da globalização.

As reações podem ser variadas. Se o ouvinte é pego de surpresa, corre o risco de achar que o palestrante entende alguma coisa do que está falando. Se o ouvinte costuma ele próprio refugiar-se atrás da coisa, vai achar ótimo - mais um patrício de seu moderno e culto modo de falar. Se o ouvinte já não cai em conversa mole, um sorriso. Até aí só pontos positivos. É ingênuo rebelar-se contra este falar. Não faz diferença. Se quem o usa soubesse o que quer dizer não usaria a coisa. De outro lado, quem houve este bolodório em geral não está preocupado com o significado, de modo que ocorre o que o IBOPE chamaria de empate técnico. Como se pode ver, adepto do besteirol que sou, vou acabar justificando a coisa.

É essa coisa da comunicação, entende?


Escrito em 30.11.99
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