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Artigos-->II - EUSOU BIPOLAR, E DAÍ? -- 10/04/2008 - 14:13 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
OS AMIGOS NÃO MORREM



Francisco Miguel de Moura*



Certa vez, escrevi ao escritor e amigo JOAQUIM DE MONTEZUMA DE CARVALHO sobre fatos, homens e opiniões expendidas por ele e com as quais eu concordava e até gostaria de ter melhor conhecimento. Li seus artigos a respeito de Galiza. Na verdade, o que faz a diferença entre os homens e os animais é a cultura. Deste ponto de vista, os homens são iguais, compõem a humanidade. Mas somente até aí. Porque as culturas são diversas, os povos se diferenciam ao perpassar dos séculos, milênios, em virtude das distâncias, do isolamento, da geografia, da família, das religiões, das raças, dos meios de vida, de transporte, das descobertas, das línguas e de alguns sentimentos especiais – a saudade, por exemplo. Daí o desenvolvimento da arte de modo desigual em civilizações mesmo próximas. Grécia e Roma, exemplos e clássicos. Tudo isto resultou nas grandes e pequenas nações, nas grandes famílias e nas pequenas, nos povos peninsulares e nos insulares, nos continentais e nos de pequenos países. No conjunto, mesmo de dentro de um país, dentro de uma nação há divisões, uma delas entre maioria e minorias. De caráter político, portanto, visto que todos os governos são mantidos por uma minoria. Quando no país se pratica a democracia formal, ainda bem. Ali as minorias são vistas, embora que nem sempre respeitadas. Às vezes são temidas, perseguidas, massacradas. Nas guerras, todas injustas.

Galiza pertence politicamente à Espanha, mas de forma indevida, pois até sua língua, o galego, é um dialeto português. A política divide o que deve ser unido e une o que deve ser deslindado, sem critério a não ser o do poder. Você transcreve um soneto de Leite de Vasconcelos, grande filólogo português em dialeto galego, onde mostra que “Leite de Vasconcelos nutriu um afeto desmedido à Galiza, pois (...) sabia que lhe estava proibido amputar o que nascera num berço comum de múltiplos laços e estreitos vínculos na língua, nos costumes, etc. aquilo a que podemos chamar a grande pátria ideal das memórias coletivas afins e escapa aos poderes políticos incultos e bárbaros, cada dia mais desconhecedores da modernidade do pretérito, aqueles poderes tão só lidando com o presente efêmero com as governantas de casa...”

Nessa mesma correspondência, em 16 de novembro de 2004, eu solicitava que me escrevesse, estava sentindo sua falta,. Que estava acontecendo com a ausência?... E mais: gostaria de saber sua opinião de mestre sobre a eleição de Bush, nos Estados Unidos. O mundo vai melhorar ou piorar com ela? Vamos ter mais guerras do que as que já temos?

Depois de longa abstinência, sua última carta é de 22-4-2007, eis senão quando, inesperadamente, recebo um e-mail de Portugal, datado de 7-3-2008, o qual me dá conta do falecimento, em Lisboa (6-3-2008), de JOAQUIM DE MONTEZUMA DE CARVALHO, escritor de alto mérito, na área da crítica, história e da filosofia. Advogado de profissão, dele publiquei algumas matérias em jornais desta Capital e expus seu pensamento em artigos por mim assinados e divulgados. Suas mensagens eram curtas e certeiras, acompanhando-se de notícias, opiniões, recortes e fotos, as mais diversas. MONTEZUMA era um mestre. Seus livros mais divulgados foram “Sor Juana Inés de la Cruz e o Padre Antônio Vieira” (1998), “Cervantes em Portugal” (2005) e “Panorama das Literaturas das Américas” (de 1900 em diante), recebendo, entre outras honrarias, a de “cavaleiro da Ordem de S. Eugênio de Trebizonde, de Espanha, e a “Medalha José Vasconcelos”, do México (Frente de Afirmación Hispanista). Penso que o jornal “O Primeiro de Janeiro”, do Porto, através de seu Suplemento das Artes das Letras, vai publicar, se ainda não fez, a série de grandes ensaios por ele assinados ali, todos bem arrazoados e expostos cientificamente, sobre a cultura portuguesa e os problemas que a cercam, por extensão tocando os do Brasil e de outras partes do mundo, como Espanha e Américas.

Não, os amigos não morrem. Joaquim de Montezuma de Carvalho está, além de no coração de sua família e de Portugal, entre inúmeros amigos que fez por esse mundo afora, entre os quais me conto. Com ele muito aprendi, inclusive a amar mais ainda a língua portuguesa, Portugal e sua Literatura.





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*Francisco Miguel de Moura, Escritor brasileiro, Membro da Academia Piauiense de Letras. E-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br



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