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Cartas-->10. CLAUDOMIRO -- 29/07/2002 - 05:30 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Recentemente, estive a ponto de provocar um fiasco nas transmissões impecáveis junto a esta mesa. São tamanhos os cuidados dos organizadores das reuniões que não se deu o caso de fracassar um único dia de serviço. Sendo assim, o meu temor foi infundado e perdi a oportunidade de me ver trabalhando sob coação. De qualquer maneira, volto hoje, sem preocupações pessoais pueris.

Em vida, fui pedreiro. Melhor dizendo, cheguei a meio oficial, tendo iniciado muito cedo a ajudar meu pai, na qualidade de servente. Quando estava tocando a minha primeira obra, na companhia de pessoa mais velha, que me misturava o reboco, sofri um acidente, bati com a cabeça num tijolo e adquiri um coágulo, do qual não me livrei mais, vindo a falecer dois meses depois.

Assim que cheguei a este lado, virei-me contra o corpo médico que me dera assistência, julgando que não tiveram os devidos cuidados para comigo, desprovido que era de recursos para pagamento de hospital mais categorizado.

Meu pobre pai é que custeou as despesas e precisou empenhar os bens para os pagamentos em dia. Preocupei-me com esse aspecto, pois era o que me fora dado observar, ou seja, a aflição de meu honesto pai, que se lamentava por me ter permitido aceitar o serviço que resultou em minha morte.

Depois de algum tempo, quando percebi que a atuação junto aos viventes não surtia os efeitos desejados, uma vez que papai não melhorava nem os médicos se sentiam culpados, procurei um velho tio, falecido dois anos antes, a quem era muito apegado. Felizmente, estava em condições de me atender. Não confiava em ninguém mais, para conduzir-me a esta colônia nem a nenhuma outra, dentre tantas que aqui existem.

A bem da verdade, devo dizer que faz mais de vinte anos que cheguei, tempo suficiente para me dar este traquejo com as palavras, embora me emocione com muita facilidade, mercê de ter lamentado o passamento antecipado, quando fazia planos para o casamento.

Se quiserem saber, o que mais me afetou foi exatamente o fato de não ter podido acompanhar a noiva em seus posteriores desenvolvimentos sentimentais. Como julgara, em vida, que fôramos feitos um para o outro, tive a tendência de motivá-la ao suicídio, para que se juntasse a mim. Idéia infeliz de ignorante das leis cármicas, evidentemente.

Quando soube que a ex se casara, não me desesperei. Vinha estudando as diretrizes evangélicas e reencarnacionistas e caí em outra triste ilusão de quem não sabe direito as coisas: desejei ardentemente reencarnar como filho daquele casal, sem preparação e sem...

Deixo aos bondosos amigos que completem, com dizeres técnicos, o que não me passa pelo burilamento intelectual.



Volto a escrever, depois de ter sido atendido pelo pessoal da equipe, pois recebi da consciência forte influxo vibratório negativo, no sentido de me fazer mais responsável pelos dizeres do que, realmente, se consideram os pupilos destas turmas de primeiras socorros.

José me vem há tempos incentivando, para que vença a timidez, a fim de me postar ao lado dos demais, que não sou assim tão despreparado quanto venho julgando-me. Por outro lado, recomenda-me que me utilize dos recursos lingüísticos do médium, no desfalecimento da memória. Em lugar de dizer exatamente o que desejo, sugiro e o mediador veste os pensamentos com palavras adequadas.

Não sei se estou sendo vaidoso, mas o sistema não me parece o mais propício para revelar os sentimentos que envolvem as idéias. Em todo caso, por várias vezes, necessitei do médium e fui atendido. Muito obrigado.



O restante da comunicação preparada visava a considerações na área dos que não têm estudos acadêmicos, trabalhadores braçais que demandam o etéreo mais cedo, faltos, inclusive, do apanágio da experiência.

Entretanto, à vista dos titubeios e dos trechos improvisados para a coloração sentimental do comunicador que se emociona, quando não deveria nem poderia, pretendo não estender-me muito mais, resumindo os conceitos na necessidade de os leitores se habituarem com desenvolvimentos bem compassados, bem organizados, lúcidos e surpreendentes, tendo em vista que a herança cultural do encarne acaba não valendo como diretriz programática.

Todos têm uma história e uma inteligência. Quando se inicia a apreciação evangélica do ponto de vista da aplicação das virtudes à vida quotidiana, o aprendizado se torna rapidíssimo, aproximando-se os fatores exemplificativos e elucidativos, a ponto de se constituírem em verdadeiros dicionários, por se abrir a mente para as noções mal apanhadas mas que agora precisam fixar-se.

Não é preciso ser muito esperto para avaliar que não serei eu o melhor autor para tratar de semelhante tese, mais propriamente filosófica do que doutrinária, dado que não tenho todos os elementos e me baseio em conjecturas, em suposições plausíveis e em vestígios de verossimilhanças.

Esta minha tendência é muito bem estudada pelas turmas iniciais da “Escolinha de Evangelização”, com a finalidade de despertar os alunos para a falácia das conclusões precipitadas. Se acabei não desenvolvendo o tópico com sabedoria, é certo que o texto acabou resultando no exemplo prático de maior evidência de que quem não tem competência não se estabelece.

Eis que a dissertação, além da demonstração dos prejuízos provocados pela emoção fora de controle, também serviu para evidenciar os méritos dos companheiros que conseguem, com brilhantismo, superar as deficiências culturais, expondo com facilidade e elegância.

É muito interessante constatar que tenho todas as palavras. O difícil é dar-lhes conjunto que possa provocar a meditação, encaminhando os leitores para a solução dos problemas que costumam levantar, quando são apresentadas teses pouco comuns, no âmbito dos conhecimentos doutrinais.

Agradeço muitíssimo a todos que permitiram que a comunicação, afinal de contas, tomasse corpo e não se desperdiçasse o dia, conforme de início ressaltei. Se assim não estiver parecendo a alguns, peço-lhes, humildemente, que me perdoem a ousadia de ter suspeitado o contrário. Pelo menos para mim, a tarde terminou sendo utilíssima, tanto que estou embalado, escrevendo com muita rapidez, à medida que os pensamentos se formam e se transformam no contexto da realidade em que estamos imersos, neste momento mediúnico.

Amo a todos vocês. Muito obrigado.

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