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Artigos-->BARBÁRIE É ISSO MESMO? -- 19/03/2008 - 17:43 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
BARBÁRIE É ISSO MESMO?

WALTER DA SILVA

Professor universitário

O século 21 começou e tem-se a sensação de que ainda se vivem os vícios e mazelas do anterior. Para os mais exigentes, o século 20 não teria ainda sequer baixado o pano final. O quadro e cenários socioeconômico-políticos são os mesmos, em maior ou menor grau, variando de continente para continente e mantendo o mesmo naipe: o resultante humano é único, irretratável, inamovível.

A julgar pelo que nos registra a História, o homem não foi nem provavelmente será essa flor que se cheire. De Demócrito até nossos dias, julga que se conhece muito, mas não o bastante sobre si mesmo, e, contraditoriamente, mercê do seu desdém pela natureza, com a qual não faz nenhum contraste, mas uma relação interdependente.

Nas caminhadas que pratico pelas manhãs, há bastante tempo, ininterruptamente, venho observando o mesmo fenômeno: o lixo orgânico e inorgânico mal selecionado, jogado aos monturos, sobre um gasoduto administrado pela Transpetro, subsidiária da Petrobras. O município é Camarajibe (com “jota”, sim) região oeste de Pernambuco, sobre uma serra de 135 metros de altitude, de clima, solo e temperaturas suportáveis no verão e agradáveis no inverno.

A essa região, caracterizada pela beleza incomparável da mata atlântica, convencionou-se denominar Aldeia, embora eu desde sempre impliquei que o termo é apenas um estado de espírito. Se inicia no Curado e termina no município de Abreu e Lima, salvo equívoco territorial. Pois muito bem, é nesse suposto “paraíso”, onde habitam mais de 15 mil pessoas, com um corte populacional que começa na classe média e desemboca nas classes C e D.

Ressalte-se que a grande falácia é que , em Aldeia, só mora “barão”, na linguagem simples do nativo dali. Repito, trata-se de uma grande falácia. Nós, que para lá fomos faz mais de 30 anos, em verdade “invadimos” negocialmente as áreas supostamente devolutas de suseranias de famílias tradicionais que ali se incorporaram, numa época em que lá subsistiam granjas de aves e ovos. Ninguém, de sã consciência e senso prático, se negaria a salvar o planeta. Mas fico pasmo em presenciar pessoas de classe média alta jogando lixo sobre um gasoduto, apesar de ler uma placa esclarecendo:”Faixa de domínio de duto, não jogue lixo nem entulhos”. O pior analfabeto é o que se recusa a ler. Outro aspecto curioso é que tenho certeza de que se trata de pessoas ditas instruídas, informadas e que provavelmente ligam a TV para ouvir falar sobre meio ambiente, nos noticiários. Particularmente, liguei várias vezes para o 0800 da Petrobras e denunciei o problema. E, em defesa dessa empresa, sou testemunha de que as placas estão lá, em bom português, cor amarela e em local bem visível. Há coleta de lixo, nas terças, quintas e sábados, em horários variados. Mas há. O que falta, talvez, seja um pouquinho mais de sensibilidade ao problema do lixo seletivo, mormente quando se trata de moradores eventuais, hebdomadários. À medida que o século vai começando sua primeira infância, o homem, esse animal predatório, privilegia outro reino, o dos céus, sem se dar conta de que nos reinos vegetal, animal e mineral é onde efetivamente repousa sua sobrevivência efêmera, mas inevitável. E, finalizando, nos perguntaríamos: quantos metros faltam de distância para atingir a barbárie?

Infelizmente, tenho que registrar meu inconfessável desprezo quando visualizo, num vidro de automóvel, um dístico assim: “Não sou dono do mundo, mas sou filho do dono”. A que dono mesmo essas pessoas estão se referindo? Ao inventor da barbárie ou ao projetista de filhos insensíveis?

(a ser publicado no JORNAL DE IDÉIAS, ano I, n° 21, abril de 2008)



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