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Cronicas-->Pobreza Antibeana -- 15/05/2000 - 13:58 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Caco Antibes, ilustre ideólogo da pobreza vem a cada semana nos alertando para o que chama "coisa de pobre". Ele não fala propriamente do pobre em conta bancária, nem do pobre de espírito. Eu acho que ele fala do pobre de nascença. Trata-se daquele pobre que, tendo adquirido na infància certos hábitos e costumes, por maior que cresça a conta bancária e o número de cartões na carteira, será sempre pobre.

Eu detesto confessar, mas estou desconfiando que estou nesta categoria. Não pela conta bancária que se nunca foi muito grande anda, digamos assim, em um vale. Isto haverá de ter solução mais dia menos dia. A pobreza de que falo é congênita. É a pobreza Antibeana, aquela que não se pode negar ou esconder, sob pena de ser desmascarado a qualquer momento, numa padaria, rodoviária ou mesmo na rua.

Pois, não bastasse o saldo bancário parco nestes tempos bicudos, no domingo ao passear no Carrefour, por influência das más companhias acabei aceitando uma prova de pamonha. Aos gaúchos deve-se esclarecer que mais ao norte, o Carrefour é dos melhores supermercados, menos por suas qualidades e mais pela ausência do Zaffari. Uma visita ao Carrefour aos domingos pode se constituir no mais legitimo programa de índio, só comparável às visitas aos aeroportos tão caras aos paulistas. Mas este negócio de aeroporto é uma outra estória.

Comi a tal prova de pamonha. Pamonha é uma iguaria mineira que consiste praticamente em um pedaço de polenta feita com milho verde, com recheios variados, servida quente na palha do próprio milho. Há pamonha salgada, há pamonha doce e há também pamonhas gordas como o que lhes escreve que aceitou a prova, comeu e não reclamou.

Comi sem nenhuma esperança e mais por delicadeza pois o convite foi feito em frente à gentil e pobre senhorita que as estava distribuindo. Aceitei o pedaço generoso e me afastei comendo. Para meu desespero, antes de fazer cara feia me surpreendo gostando. Eu disfarcei e não deixei ninguém perceber que havia gostado, mas preciso confessar: gostei. Hoje Inajá comprou duas e deixou um pedaço. Feita a contraprova, sou obrigado a confessar que gostei.

Bem, eu sempre preferi mortadela ao presunto, nunca neguei minha paixão pelos agora proibidos caldos de cana. Jamais me neguei a comer pastel em Catalão, muito ao contrário, ansiava pela chegada à primeira escala das viagens para o sul. Mariolas fazem parte da minha vida desde criança quando minha mãe me levava ao centro de Porto Alegre. Independente da hora, era descer do ónibus na Praça XV e eu era tomado por uma estranha, surpreendente e incomensurável fome, saciada com mariolas ali mesmo na praça. Talvez ninguém saiba mas eu sempre gostei das chamadas rapadurinhas de leite e também de amendoim. Mais que isto, sempre fui louco por corações de abóbora ou de batata doce. Isto tudo eu nunca neguei, nem mesmo que fico tentado pela oferta de pastel com caldo de cana feita num quiosque em frente ao meu dentista por apenas R$ 1,00. Nunca cedi mas isto só prova como evoluí no que se refere à força de vontade e ao auto controle.

Mas pamonha!

Eu nego, se perguntarem direi que nunca provei e que não gosto e não quero provar e tenho raiva de quem gosta e não sei o que mais.

Se no domingo que vem me oferecerem cuscuz eu não aceito. Invoco minha taxa de glicose.



Escrito em 25.05.99
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