A França sempre esteve à frente de todos os povos socialmente falando. O francês pode ser o que for, em relação aos seus costumes, muito criticados pelos brasileiros, como por exemplo o costume de não tomar banho diariamente. Mas, com relação aos direitos sociais exigidos eles são a vanguarda do mundo inteiro, desde antes da queda da Bastilha. Na Segunda Guerra Mundial foi invadida pelos alemães talvez pela oitava vez em vários séculos. Ocupada pelos nazistas de 1940 até 1944 permaneceu imune ao terrorismo causado pela Gestapo aos franceses, os quais se engajaram de peito aberto, ou nos subterrâneos na luta permanente contra o invasor.
Eles não permitem que os governantes façam e desfaçam de seus direitos sociais adquiridos ao longo dos séculos. Diferentemente dos brasileiros que se intimidam e nada fazem contra os maiores corruptos e corruptores do mundo existentes em nosso país, os quais acabam com nossos direitos como se fossem objetos pessoais deles. Acabam com nossas liberdades como se fossem coisas que nunca existiram. O Brasil viveu mais ditaduras do que podemos calcular em relação à França. Apesar de que na França nunca ocorreram ditaduras. Houve sim reinados severos e desumanos. Houve invasões de outros países e sempre foi um território onde as lutas, as disputas de espaços na Europa fizeram a França sofrer. Um exemplo maior foi a batalha de Verdun, em 1917, quando morreram entre trezentos a quatrocentos mil franceses em apenas um dia, na defesa de seu território.
Atualmente assistimos a um pequeno desagravo do povo francês em contraposição às ofensas de um dos ministros, quando afirmou que os pobres da França eram uma espécie de entulho, atrapalhando o progresso francês. Ora, foi o mesmo que cuspir no povo mais desafortunado da França. Imediatamente começaram as revoltas, principalmente dos jovens, que se sentiram feridos com tais palavras. Estes mesmos jovens vivem, como vivem os brasileiros, também jovens, o drama do desemprego. E nós, povo brasileiro, somos ofendidos quase que diariamente pela malta política larapiana no poder e nada fazemos. Estamos mais interessados em saber se o Santos, o Corintians, ou outra qualquer entidade esportiva vai ganhar ou vai perder. Nem sequer choramos mais o desemprego. O que dá a entender que o povo brasileiro gosta de não fazer nada, ou seja continuar desempregado. E quando o brasileiro chega às vias de fato é, na maioria dos casos, para defender seu time de futebol e não para melhorar socialmente sua comunidade e ele próprio.
Vejamos o caso da febre aftose no gado. Temos o maior rebanho do mundo e nossas exportações de carne batiam recordes em cima de recordes. Veio a doença por desleixo tanto dos pecuaristas quanto do governo, claro cansados de ganharem tanto dinheiro. Hoje já não somos os campeões na exportação da carne. Na verdade as exportações estão congeladas, até a solução do problema definitivamente com as comprovações dos países importadores. Enquanto isso a carne no mercado interno deveria logicamente baixar o preço para o consumidor brasileiro. Porém, caros leitores, vejam a diferença do capitalismo selvagem brasileiro com o capitalismo mais socializante em outros países. Aqui, simplesmente os pecuaristas resolveram aumentar o preço da carne. Não querem perder a diferença que eles ganhavam com as exportações. Nós teremos de pagar a tal diferença para eles, quando num mercado civilizado eles deveriam perder para nós.
Se nós tivéssemos a alma guerreira dos franceses simplesmente sairíamos à rua em protestos. Verdade que não precisaríamos chegar aos extremos que eles chegam lá na França. Mas, eles já sabem que são os extremos que fazem os políticos tremerem e não a passividade, mesmo nos protestos.
Contudo, nós brasileiros só gostamos da luta de vida e de morte quando se trata de futebol. E é por isto que o capitalismo deita e rola sobre nós. Eles têm lá suas razões com grandes fundamentos, porque nós sempre demos motivos para eles executarem suas gostosas explorações em cima de todos nós. E garanto: eles agradecem e muito nossa falta de coragem e vontade de lutar por uma vida social melhor.
