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Artigos-->Decepção com os políticos -- 18/02/2008 - 17:25 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A minha primeira decepção com os políticos aconteceu em 1985. Até 1980 eu era office boy (assim está na minha carteira profissional) do Jornal de Brasília. Foi lá que, por orientação do meu amigo Rubens Depollo, passei a ler as notícias por inteiro em vez de ler apenas as manchetes. A partir daí me interessei pela leitura dos fatos políticos. Um dos políticos que mais me chamavam a atenção era o Ministro da Justiça do governo de João Baptista Figueiredo. Eu gostava muito daquele ministro. Ao vê-lo na televisão, eu parava para escutá-lo e lia com atenção todas as suas entrevistas. Achava-o sério, competente e elegante. Eu não votara nele nem nunca o tinha visto de perto. Era admiração gratuita, sem maiores explicações.



A minha admiração foi-se por água abaixo quando, em agosto de 1985, a Rede Globo de Televisão transmitiu, em horário nobre, reportagem na qual dois americanos radicados no Brasil, o advogado Charles Hayes e o estudante Mark Lewis, “acusaram” o meu ministro “de integrar uma rede internacional de contrabando de pedras preciosas”. Aquilo foi amargoso para mim.



Para escrever esta história, fiz uma ligeira pesquisa na Internet e descobri que as acusações seriam porque ele, como Ministro da Justiça, censurara alguns programas da Rede Globo e, em represália, ela o acusou de contrabando. Ainda naquele ano surgiram mais acusações referentes ao período em que ele esteve à frente do Ministério. “As novas denúncias responsabilizavam-no, entre outras coisas, por arquivamento ilegal de inquéritos, irregularidades na concessão de certificados de naturalização e permanência de estrangeiros e uso indevido de verbas públicas”. Só agora fiquei sabendo desses detalhes. Não os acompanhei à época das acusações, porque me desinteressei totalmente por aquele homem. O nome dele: Ibrahim Abi-Ackel.¹



Suzana disse-me, certa vez, que também tinha grande admiração e respeito por um certo político. Ela disse que nunca o vira pessoalmente, mas o respeitava pela sua trajetória desde os tempos de estudante até tornar-se homem forte do Governo Lula. Ela via seriedade nas suas entrevistas e discursos. Mas toda essa admiração e respeito escorreram pelo ralo quando ela o viu sentado na cadeira de réu na CPI do Mensalão na Câmara dos Deputados. O nome dele: José Dirceu.



Outra pessoa por quem eu tinha certa admiração era a ex-senadora Benedita da Silva, nomeada pelo Presidente Lula como ministra de Assistência e Promoção Social. Ela também caiu em desgraça ao farrear com o nosso dinheiro em Buenos Aires.



É aceitável que os políticos usem táticas para convencer os eleitores. Afinal, temos o voto que é o objeto de maior desejo de todo e qualquer político. Para nos convencer, eles não se poupam em cursos de oratória, postura, maquiagem etc. Nessa hora, eles não se diferenciam de um produto qualquer, tal como sabão ou refrigerante. E qualquer pessoa menos atenta pode, sim, deixar-se levar por esses truques, mas o político sem lastro ético não demora muito acaba na lama. Só quando eles entram em desgraça é que nós, consumidores-eleitores, vemos que a propaganda foi eficiente para nos convencer: a embalagem realmente era bonita, mas o produto era ruim. Já o consumidor-eleitor mais antenado reconhece de primeira o prazo de validade de alguns políticos.



Por diversas vezes presenciei as reuniões da Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal. Certa mulher, pela sua seriedade, competência e natureza do cargo, foi várias vezes convidada para discutir sobre a violação dos direitos humanos dos negros e outras minorias. Comecei a admirá-la pela sua desenvoltura, seriedade e competência, e também por ser mulher e negra. Nunca troquei uma palavra com ela, sempre a vi a distância, mas fazia questão de assistir as suas explanações. Ela era Ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Social do Governo Lula, mas caiu em desgraça ao abusar do cartão de crédito a que tinha direito para pagar despesas relativas ao cargo. Usou o cartão e abusou da minha confiança. Ela se esqueceu de que o dinheiro que pagava suas despesas fúteis era produto do suor e sacrifício das minorias que ela defendia. O nome dela: Matilde Ribeiro.



Desde Abi-Ackel protegi-me contra alguns políticos e abri a guarda para Benedita e Matilde e mais uns dois que ainda gozam da minha admiração. Se vou me decepcionar com esses dois restantes, só o tempo dirá. Mas já sei o prazo de validade de uns e outros que estão por aí.



Uma curiosidade. Nos ministérios de Abi-Ackel, no de Benedita e na secretaria de Matilde estão as palavras ‘justiça’, ‘promoção’ e ‘social’. esses Ambos os ministros esqueceram que essas palavras diziam respeito às minorias há muito tempo injustiçadas e discriminadas e não a eles ministros, já justiçados e socialmente favorecidos. Será a Benetilde, uma galega de olho azul, estudada no estrangeiro, filha da elite econômica, que virá fazer valer a “Promoção Social”?



¹ Disponível em: Acessado em: 3 fev. 2008.

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