Fernando Zocca
A transposição do rio São Francisco beneficiará os Estados do Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará e Pernambuco, porque irrigará suas terras secas e improdutivas.
Para aqueles que pensam ser o desvio das águas prejudicial ao rio, já combalido, resta no mínimo, a dúvida quanto a veracidade dessas presunções.
O Governo Federal tem promovido audiências públicas a fim de divulgar o projeto para todas as comunidades envolvidas. Como é amplamente sabido, a idealização dessa solução, para a seca, vem desde os tempos do Império quando D. Pedro II reinava. Não é possível que todas as probabilidades não estejam previstas.
Na verdade as hipóteses levantadas pelos que consideram as obras danosas ao rio, só seriam confirmadas depois dos primeiros resultados obtidos com a finalização dos trabalhos.
Essa postura, do pessoal contrário, assemelha-se a da dona de casa que vacilando na cozinha, diante dos ovos, teme quebrá-los por achar que a omelete não ficaria nutritiva.
Como poderíamos dizer que a omelete não ficará saborosa se antes não agirmos como preceitua a receita?
Quando um pai de família pretende reformar sua casa, contrata logo os engenheiros para que sejam antes previstas as modificações naquele espaço. Aprovadas as ações, passam-se logo para as mudanças. Mas se por um imprevisto, fatalidade, ou motivo de força maior, as transformações feitas não vierem a sanar os problemas que as motivaram, não seriam elas reversíveis?
O embargo das obras, sob a alegação de que elas teriam cunho eleitoreiro, também não teria um mesmo sentido de afirmação eleitoral? Na verdade o que a região a ser irrigada precisa é de vegetação, de planta. E como todo mundo sabe, planta só nasce e se desenvolve com água.
Se a ação para as modificações estruturais na residência e a resistência contra os trabalhos forem substituídas pela cooperação entre as partes, os louvores ou as condenações pelos resultados finais, serão divididos.
Grandes modificações já foram realizadas pelos homens, com finalidades econômicas e desenvolvimento social, sobre a terra: os canais do Panamá e de Suez são dois exemplos.
A construção do canal de Suez ocupou 25.000 trabalhadores, em pleno deserto, sujeitos às tempestades constantes de areia. A obra tem 160 km de comprimento, 80m de largura mínima e 13,5m de profundidade; foi inaugurada em 17 de novembro de 1869.
As obras do canal de Suez já eram idealizadas no século VII a.C. e os trabalhos iniciais foram feitos pelo faraó Neco II.
Quanto a transposição de parte das águas do rio São Francisco certamente que o povoamento das áreas irrigadas se acentuará e que os 64 metros cúbicos de água, desviados farão muita diferença sobre a terra seca. Talvez nada fique do jeito que foi por muito tempo.
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