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Artigos-->A ARTE DE MORAR SÓ -- 11/02/2008 - 11:19 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




A ARTE DE MORAR SÓ

Depende da solidão. A minha, pelo menos,

está repleta de mim. ws



Solidão. Solipsismo. Termos equivalentes com conotações às vezes adequadas e comumente contraditórias. Nos dias atuais, em território brasileiro, existem aproximadamente dez milhões de pessoas morando sozinhas. A rigor, com algumas variações, podem coabitar com um ou mais filhos, com pais senectos ou alguma tia de quem tenha recebido a outorga do apadrinhamento. O leitor deve ser um desses ou, primordialmente, seja um morador solitário, tendo como par apenas um gato, um cão ou um papagaio tagarela. Em geral, as razões que levam uma pessoa a morar sozinha, residem em dois fatos mais usuais, que são: libertar-se do jugo familiar ou ter presenciado o fracasso da relação matrimonial, por muitas vezes insolúvel ainda, sem o aval da lei, através do divórcio. E se não fosse a lei de Nelson Carneiro, eminente parlamentar, as pessoas seriam obrigadas a estarem atreladas a uma relação conflitiva, incompatível e provocadora de tantos males tais como agressividade na inter-relação e desequilíbrio nas relações sociais, intemperança profissional e apelo ao alcoolismo desenfreado, como se fora uma solução peremptória. Isso não quer necessariamente dizer que o casamento não tenha dado certo; até que deu, no momento em que o casal, racionalmente, obteve a outorga do Estado através da via do divórcio e para não serem obrigadas à infelicidade sob o mesmo teto. Humanísticamente falando, não é nada fácil emocionalmente, desconstruir uma amizade às vezes de tantos anos; como também não é fácil ter a percepção de que é melhor reconstruir a individualidade, ao invés de despedaça-la como se faz com um objeto de cristal. Depois que a poeira baixa - a exemplo do meu próprio caso - e de o homem ou da mulher, terem atravessado a primeira cancela do novo status, há que se planejar a nova vida. Alguns moram em hotel-residência, outros, conforme sua posição financeira, alugam um apartamento mobiliado e, na mais estranha das hipóteses, retorna-se à casa materna ou paterna, o que não é lá muito aconselhável, sem querer mistificar ou não o mérito da alternativa.

No meu ensaio de 2001, (A ARTE DE MORAR SÓ) abordei em dez capítulos, a problemática do morar sozinho. A fundamentação que originou e me estimulou a escrever o livrinho, foi a pesquisa do IBGE de 2000, que dava conta de uma população de 4 milhões de pessoas a viverem em solo. Ora, passados esses quase 7 anos, observa-se que o fenômeno insiste em se alastrar, mormente se considerados os aspectos sócio-econômico-políticos, tais como expansão da taxa de casamentos que desembocam na separação e, paralelamente, a taxa da informalidade das relações, acarretando como produto, a construção de uma nova convivência solipsista, exigindo do protagonista, uma preparação emocional adequada e um planejamento específico que consiste primordialmente em coordenar as ações para uma nova experiência. Existem dois fatores nesse planejamento, que são fundamentais, no caso de o novo morador ter mais de quarenta anos. Ter sempre à mão, no vestíbulo de sua moradia, uma lanterna que funcione bem. Não será demasiado explicar que em cidades grandes, capitais ou não, o fornecimento de energia é instável e o morador ou moradora, podem eventualmente chegar à casa no escuro. Esse fato já ocorreu comigo mais de uma vez. O segundo aspecto relevante quando se vai morar sozinho e se tem mais de quarenta anos, é manter na cabeceira da cama , um copo com água e duas aspirinas. Nós todos pessoas maduras, sabemos que um mal-estar com origem desconhecida, poderá ser um infarto do miocárdio, o que vai fazer com que o morador tome o ácido acetil salicílico, ou aspirina, no popular. Claro que existem muitos outros pontos a se levarem em conta, o que não caberia neste espaço. O ensaio será lançado este ano, no Recife e espero que a vasta população de moradores e moradoras solipsistas, possam tomar conhecimento. Com efeito, o conceito de família de um só é algo muito novo e desafiador, mas estarei às ordens do leitor e leitora para debatermos e chegarmos a um porto seguro, tanto quanto a estabilização e serenidade de uma fase nova, na qual, com ou sem criados, não se pode nem se deve esquecer a chaleira no fogo e sair pras baladas.

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WALTER DA SILVA, administrador e professor universitário.

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