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Discursos-->A moda da releitura, enquanto a nível de jornal -- 11/11/2001 - 23:10 (Alberto D. P. do Carmo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Domingo, dia de macarronada, de missa e... jornal gordo!
Dia ao qual a maioria das pessoas dedica alguma rotina. A minha principal é a leitura do jornal.

Começo sempre pelo Telejornal - só vejo as figuras - assim logo começo a espumar, arrebento com o fígado, embrulho o estômago, e fico pronto para a enxurrada do resumo semanal dos novos problemas e crises que vou ver logo adiante.

Rasgado o suplemento televisivo, e devidamente encaminhado à lixeira, passo para a próxima etapa, o Caderno 2. Hoje tem a Família Brasil, e sempre vale uma boa risada. A de hoje estava ótima. Depois dou uma vista d olhos no Ubaldo. Dependendo da ressaca dele leio tudo, sempre me faz pensar que temos algo em comum - talvez seja a ressaca. Aí recomeça o martírio.

Lá vêm as resenhas de livros, os concertos, a vida de algum famoso inteligente. Há sempre alguma menção ao povo judeu, sempre. Ou as intermináveis referências ao holocausto, ou a algum escritor cuja família, ou o próprio, fugiu dele, etc. Isso me irrita, já me deu bode de tanto ler sobre isso. Parece até perseguição; deles, é claro. Prefiro um cardápio mais ecumênico - umbanda, padre Marcelo, candomblé, até Bispo Macedo eu encaro. Já disse uma vez que, holocausto, tenho os meus daqui, dos nossos índios e dos negros, que ajudaram a formar nossa raça. E me bastam esses dois - de importado chega o chapéu Panamá, que eu ainda vou comprar um dia, já me prometi. Programação da TV passo batido, coluna social é uma piada, cinema idem. Quando o Ruy Castro, ou o Mauro Dias comentam alguma MPB vou até o fim.

Chegou a vez do Cidades. Buracos, enchentes, passeatas, julgamentos, chacinas. Nada de novo, foi rapidinho, indolor.

Ah, aquele quadrinho que traz as notícias de um século atrás é sempre divertido. Ler o cotidiano daqueles sujeitos que viraram nomes de ruas faz a gente sentir um não sei quê de saudades do cotidiano do vovô e da vovó. Lampião de gás, lampião de gás, quanta saudade você me traz.

É claro que eu nem abro o caderno de Economia, principalmente o Wall Street Journal of Américas. Nem é preciso dizer o porquê, certo?

Então chega a parte mais demorada, e mais importante, o caderno principal. Começo sempre do fim para o começo. Leio primeiro a última página, quando não está inteiramente preenchida pela foto de um novo edifício, um skyscraper, como dizem os inimigos do bin Laden. Vou lendo. Primeiro as internacionais, depois tecnologia, passo andando sobre ovos pela parte de política, e caio no editorial, cartas dos leitores, os dois artigos, o tema do dia e, fim. Sobrevivi!

Leio de trás para frente por pura superstição. Um dia quis ler normalmente e comecei a ter arrepios, iguais aos que eu tinha quando criança, e tentava tomar banho logo depois de almoçar - quase nunca consegui, exceções feitas quando precisava ir ao cinema - matinê - com a namorada. Superstição adquirida via DNA vai conosco até túmulo. Ah, eu também não chego perto de tesoura, nem olho no espelho durante chuva de trovoada. E também acendo e apago a luz várias vezes antes de ir dormir, mas aqui não é superstição, é tique nervoso mesmo, ou saudades das estroboscópias, sei lá. Também não acerto os relógios quando acaba o horário de verão. Primeiro, porque sempre adorei esse horário - eram os únicos meses em que podia ver o sol depois de sair do escritório, e também porque ter que fazer o cálculo da hora através de uma complexa equação do primeiro-grau: hora certa = x -1, ajuda a manter a mente ativa depois de certa idade. Pelo menos de março a outubro. O resto do ano a gente empurra, com a barriga, é claro.

Mas já que está na moda esse negócio de releitura, de instalação, vou tentar um recurso de última hora: instalo o Caderno 2 no Telejornal, este no de Economia, o Cidades no Suplemento Feminino, o de Política no de Negócios e Oportunidades, e o de Esportes no Suplemento Feminino.

Pronto, tudo instalado. Vou fazer uma releitura. Se o meu humor melhorar, patenteio a fórmula e cobro uns dez por cento sobre o aumento da tiragem.

Cartas para a redação!
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